Sanções adiadas
29 de setembro de 2007Anúncio
Os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e a Alemanha decidiram na sexta-feira (28/09) adiar pelo menos até o começo de novembro a decisão de impor sanções mais rígidas contra o Irã.
A decisão significa uma derrota temporária para a França e o Reino Unido, que pleiteavam aumentar a pressão econômica e política sobre Teerã após sua recusa em interromper o enriquecimento de urânio, processo que estaria possivelmente atrelado à produção de armas nucleares.
No entanto, acredita-se que a notícia venha a ser bem recebida na Alemanha, o maior parceiro econômico europeu do Irã, que vinha insistindo há longo tempo em que o aumento das sanções só deveria ocorrer sob coordenação das Nações Unidas.
O ministro alemão do Exterior, Frank-Walter Steinmeier, ressaltou que o essencial é manter a comunidade internacional unida. “O que mais impressiona o Irã é a coesão desses seis países. A estratégia iraniana é de nos separar, mas isso não deu certo até agora”, disse. No entanto, admite que, “a longo prazo, não é possível excluir a imposição de sanções na busca por uma solução diplomática e política.”
Em seu primeiro discurso diante da Assembléia Geral da ONU nesta semana, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, reforçou o pedido à comunidade internacional para que mantenha a linha dura com o Irã a respeito de seu programa nuclear.
Alemanha possui interesses econômicos
Muitos políticos alemães, no entanto, acreditam que a imposição de sanções econômicas contra Teerã seria ineficiente e ainda afetaria as amplas relações comerciais de empresas alemãs com o Irã. Em vez de punir estas empresas, as negociações deveriam tirar proveito dos bons laços econômicos, disse Daniel Caspary, membro do Parlamento europeu, à Deutsche Welle.
“É preciso usar nossas boas relações econômicas para permanecer em contato com as pessoas, com empresários e políticos iranianos, para conversarmos sobre a situação”, explica. “Na minha opinião, os Estados Unidos e a França estão forçando a Alemanha a restringir suas atividades econômicas e não deveríamos aceitar isso.”
De fato, o volume comercial entre a Alemanha e o Irã é de cerca de 5 bilhões de euros por ano – mais do que o de qualquer outro país europeu –, sendo que há pelo menos 1,7 mil empresas alemãs em atividade no Irã, entre elas, grandes nomes como Siemens e Basf, que operam no país há décadas. Além disso, cerca de 75% das empresas iranianas de pequeno e médio porte são equipadas com tecnologia alemã.
Pressão política aumenta
Com o recente aumento da pressão internacional para isolar o Irã, a Alemanha vem sendo forçada nos últimos meses a reduzir seus interesses econômicos no país. Os três maiores bancos comerciais alemães, entre eles o Deutsche Bank e o Commerzbank, encerraram recentemente sua operação no Irã. E, embora o motivo divulgado tenha sido o alto custo da burocracia iraniana, especialistas acreditam que o fato se deva à pressão política dos EUA.
O Ministério alemão da Economia, além disso, reduziu o total de garantias de créditos de exportação que fornece para atividades comerciais com o Irã de 3,3 bilhões de dólares em 2004 para 1,2 bilhão de dólares no ano passado. Nos últimos sete meses, o volume de comércio caiu mais de 15%.
E mais: recentemente, Merkel se pronunciou contra planos de empresas alemãs de assinar um contrato para construção de um trecho do trem magnético de alta velocidade Transrapid no Irã.
Negócios mantêm diálogo aberto
Mas, segundo Mechtild Rothe, vice-presidente do Parlamento europeu, as relações com o Irã ainda não chegaram ao ponto em que interesses econômicos deveriam ser sacrificados. “Acho importante que a União Européia mantenha relações com o maior número possível de países, inclusive com o Irã”, disse. “Assim seria muito mais fácil de negociar, de falar uns com os outros.”
Fechar as portas ao comércio seria fechar os canais de comunicação, explica Erika Mann, outro membro do Parlamento europeu. “Essas relações econômicas são responsáveis pelo sustento de muita gente. Tantos empregos dependem de laços econômicos sólidos e tanto diálogo e cooperação se dão através da economia.” (rr)
A decisão significa uma derrota temporária para a França e o Reino Unido, que pleiteavam aumentar a pressão econômica e política sobre Teerã após sua recusa em interromper o enriquecimento de urânio, processo que estaria possivelmente atrelado à produção de armas nucleares.
No entanto, acredita-se que a notícia venha a ser bem recebida na Alemanha, o maior parceiro econômico europeu do Irã, que vinha insistindo há longo tempo em que o aumento das sanções só deveria ocorrer sob coordenação das Nações Unidas.
O ministro alemão do Exterior, Frank-Walter Steinmeier, ressaltou que o essencial é manter a comunidade internacional unida. “O que mais impressiona o Irã é a coesão desses seis países. A estratégia iraniana é de nos separar, mas isso não deu certo até agora”, disse. No entanto, admite que, “a longo prazo, não é possível excluir a imposição de sanções na busca por uma solução diplomática e política.”
Em seu primeiro discurso diante da Assembléia Geral da ONU nesta semana, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, reforçou o pedido à comunidade internacional para que mantenha a linha dura com o Irã a respeito de seu programa nuclear.
Alemanha possui interesses econômicos
Muitos políticos alemães, no entanto, acreditam que a imposição de sanções econômicas contra Teerã seria ineficiente e ainda afetaria as amplas relações comerciais de empresas alemãs com o Irã. Em vez de punir estas empresas, as negociações deveriam tirar proveito dos bons laços econômicos, disse Daniel Caspary, membro do Parlamento europeu, à Deutsche Welle.
“É preciso usar nossas boas relações econômicas para permanecer em contato com as pessoas, com empresários e políticos iranianos, para conversarmos sobre a situação”, explica. “Na minha opinião, os Estados Unidos e a França estão forçando a Alemanha a restringir suas atividades econômicas e não deveríamos aceitar isso.”
De fato, o volume comercial entre a Alemanha e o Irã é de cerca de 5 bilhões de euros por ano – mais do que o de qualquer outro país europeu –, sendo que há pelo menos 1,7 mil empresas alemãs em atividade no Irã, entre elas, grandes nomes como Siemens e Basf, que operam no país há décadas. Além disso, cerca de 75% das empresas iranianas de pequeno e médio porte são equipadas com tecnologia alemã.
Pressão política aumenta
Com o recente aumento da pressão internacional para isolar o Irã, a Alemanha vem sendo forçada nos últimos meses a reduzir seus interesses econômicos no país. Os três maiores bancos comerciais alemães, entre eles o Deutsche Bank e o Commerzbank, encerraram recentemente sua operação no Irã. E, embora o motivo divulgado tenha sido o alto custo da burocracia iraniana, especialistas acreditam que o fato se deva à pressão política dos EUA.
O Ministério alemão da Economia, além disso, reduziu o total de garantias de créditos de exportação que fornece para atividades comerciais com o Irã de 3,3 bilhões de dólares em 2004 para 1,2 bilhão de dólares no ano passado. Nos últimos sete meses, o volume de comércio caiu mais de 15%.
E mais: recentemente, Merkel se pronunciou contra planos de empresas alemãs de assinar um contrato para construção de um trecho do trem magnético de alta velocidade Transrapid no Irã.
Negócios mantêm diálogo aberto
Mas, segundo Mechtild Rothe, vice-presidente do Parlamento europeu, as relações com o Irã ainda não chegaram ao ponto em que interesses econômicos deveriam ser sacrificados. “Acho importante que a União Européia mantenha relações com o maior número possível de países, inclusive com o Irã”, disse. “Assim seria muito mais fácil de negociar, de falar uns com os outros.”
Fechar as portas ao comércio seria fechar os canais de comunicação, explica Erika Mann, outro membro do Parlamento europeu. “Essas relações econômicas são responsáveis pelo sustento de muita gente. Tantos empregos dependem de laços econômicos sólidos e tanto diálogo e cooperação se dão através da economia.” (rr)
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