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Itália

DW/Agências (ca)15 de abril de 2008

Para Martin Schulz, líder dos social-democratas no Parlamento Europeu, eleição de Berlusconi deverá vulgarizar política do continente. Imprensa alemã afirma que Angela Merkel está cada vez mais isolada na União Européia.

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Berlusconi também enfrentará isolamento, comenta imprensa alemãFoto: AP

Em entrevista exclusiva à Deutsche Welle, o deputado alemão Martin Schulz, líder da bancada social-democrata no Parlamento Europeu, afirmou que a eleição de Silvio Berlusconi como novo chefe de governo italiano levará a uma "banalização da política européia".

Schulz, que teve más experiências com Berlusconi no passado, não é o único descontente com a eleição do antigo e novo premiê italiano. Em Bruxelas e em outras cidades européias, a euforia é pouca com a eleição do candidato populista de centro-direita.

Teme-se, sobretudo, pela política da União Européia (UE). A saída de Romano Prodi do governo de Roma fez Berlim e a União Européia perderem um grande aliado.

Com Nicolas Sarkozy, Silvio Berlusconi e Gordon Brown à frente das três economias mais poderosas da Europa depois da Alemanha, a imprensa alemã vê um isolamento cada vez maior de Angela Merkel como defensora de uma política única para o continente.

Modelos e marcas na moda

Martin Schulz Europaparlament SPD
Schulz acredita na vulgarização da política européiaFoto: AP

Ao ser criticado por Martin Schulz durante seu discurso de posse na presidência rotativa da União Européia, em julho de 2003, o então premiê italiano respondeu: "Senhor Schulz, na Itália estão rodando agora um filme sobre campos de concentração – eu indicaria o senhor para o papel de supervisor do campo".

O incidente provocou uma crise diplomática entre a Alemanha e a Itália. Berlusconi se desculpou no final, retirando as desculpas logo em seguida.

Sobre a atual eleição de Berlusconi, Schulz declarou à Deutsche Welle: "Eu acredito que a estreita cooperação entre Paris e Roma levará a uma espécie de vulgarização. Acho que vamos discutir menos sobre assuntos políticos e métodos de resolução para problemas nas áreas de mudanças climáticas, mercado financeiro e provisão de mantimentos do que sobre quais modelos e marcas estão na moda".

O político social-democrata afirmou ainda à Deutsche Welle que "isto poderia ser bom para as partes envolvidas, mas serviria muito pouco à política européia". A eleição de Berlusconi, no entanto, desagrada não somente a Martin Schulz, mas também a boa parte da imprensa alemã.

Divisão interna da União Européia

O diário de economia Handelsblatt analisa a vitória de Berlusconi como uma derrota para a Europa. Em sua edição de segunda-feira (14/04), o jornal de Düsseldorf comentou a atitude relapsa do premiê italiano no encontro de cúpula que discutiu a Constituição da União Européia, quando Berlusconi era presidente do bloco em 2003. Além disso, o jornal lembrou que seu governo nunca perdeu a oportunidade de atacar a unidade monetária européia – o euro.

O Handelsblatt lembrou ainda o apoio que Berlusconi deu a George W. Bush na Guerra do Iraque. Enquanto França e Alemanha se distanciavam de Bush, Berlusconi enviava seus soldados ao Iraque, contribuindo para uma divisão interna da União Européia. O jornal de economia chama atenção, principalmente, para o isolamento da chanceler federal alemã no atual cenário político europeu.

"Nicolas Sarkozy já declarou que é um europeu cético. Não se sabe quanto tempo Gordon Brown ficará no poder. E Angela Merkel ficará sozinha... Numa Europa dividida, será mais difícil para Merkel encontrar parceiros fortes. Ela mal acabou de convencer, a duras penas, Sarkozy quanto à política do Mediterrâneo e já enfrenta agora um novo desafio na Itália", escreveu o Handelsblatt.

"Como foi possível esta volta?"

EU Verfassung Prodi und Berlusconi
Prodi (e) sucedeu a Berlusconi (d) em 2006Foto: AP

O Handelsblatt comenta ainda que, no cenário internacional se prevê, no entanto, também um isolamento de Berlusconi. Os dias do presidente Bush estão contados. A relação entre Berlusconi e o atual premiê espanhol de esquerda, José Luis Zapatero, está a léguas de distância daquela que tinha com José María Aznar. A revista alemã Stern é da mesma opinião e afirma que a eleição de Berlusconi significa um passo atrás para a Itália, que a levará ao isolamento.

Tanto as revistas Stern como a Der Spiegel concordam que a eleição de Berlusconi deveu-se, principalmente, a um fator principal: o magnata da mídia encheu o povo de presentes fiscais. "Como foi possível esta volta?", pergunta a Der Spiegel em sua edição online. Uma das respostas está na própria formação do governo de Prodi, apoiado por uma frágil coalizão de nada menos que 13 partidos de centro-esquerda.

Além disso, comenta a Der Spiegel, para o povo italiano, o governo Prodi foi marcado pelo aumento de impostos e pelas tentativas de colocar o orçamento em ordem e de cumprir as metas de estabilidade da UE. Berlusconi, por outro lado, que nada fez nos cinco anos anteriores para resolver os problemas estruturais do país, decretou diversas anistias fiscais, uma após a outra, para a alegria dos 30% de italianos que ganham seu dinheiro como profissionais liberais.