Eleição européia vira protesto contra governos nacionais
13 de junho de 2004A projeção dos resultados parciais da eleição para o Parlamento Europeu na Alemanha revela enormes perdas para o Partido Social Democrata (SPD). O partido do chanceler Gerhard Schröder ficou com cerca 21,3% dos votos, o que significou uma queda de 9,4% em relação ao pleito de 1999.
Também os partidos conservadores União Democrata Cristã / União Social Cristã (CDU/CSU) sofreram perdas (embora menores, de cerca de 3,8%), mas tendo obtido o apoio de 44,9% do eleitorado alemão continuarão sendo a mais forte representação alemã em Estrasburgo.
Vitoriosos saíram também os Verdes, que puderam conquistar 11,9% dos votos (um aumento de 5,5%) e o Partido Liberal Democrata (FDP), que ficou com 6,0% (aumento de 3,0%). Os neocomunistas do Partido do Socialismo Democrático (PDS) lograram 6,2% dos votos (um aumento de 0,4% em relação a 1999).
Pouco interesse na Alemanha
As eleições para o Parlamento Europeu atraíram menos eleitores às urnas na Alemanha do que no pleito de 1999. Segundo informação do coordenador da eleição em todo o país, Johann Hahlen, até às 14 horas apenas 20,4% dos eleitores haviam dado o seu voto. Há cinco anos, a participação até essa mesma hora tinha sido de 21,2%. O pouco interesse do eleitorado alemão ficou patente ainda nas eleições estaduais da Turíngia e nas eleições municipais em seis Estados federados, que também se realizaram neste domingo (13/6).
Em 1999, as seções eleitorais permaneceram abertas na Alemanha até às 21 horas. Desta vez, as urnas foram fechadas às 18 horas. Isso, no entanto, não pode ser considerado como uma justificativa para a redução do número de eleitores ativos. Há cinco anos, 45,2% deram seu voto no pleito para o Parlamento Europeu. Este ano, apenas 43,5% dos eleitores alemães o fizeram.
Segundo Hahlen, as eleições para o Parlamento Europeu constituem o maior pleito democrático da Europa. Somente na Alemanha, cerca de 64 milhões de eleitores foram chamados às urnas. Outros 18 países-membros da União Européia, com um total de 235 milhões de eleitores, também escolheram seus representantes em Estrasburgo neste domingo. Nos restantes seis países-membros, o pleito já ocorreu nos dias imediatamente anteriores.
Novo, mas sem entusiasmo
Na Europa em seu todo, o nível de participação do eleitorado ficou acima do registrado há cinco anos. A média é influenciada positivamente pela grande afluência às urnas no Chipre, onde o voto é obrigatório, e em Malta, que vive uma fase de verdadeira lua-de-mel com a União Européia.
Mas nem todos os cidadãos de países novatos demonstram grande entusiasmo pela UE. Na Polônia, por exemplo, apenas cerca de 6% dos eleitores tinham comparecido às seções eleitorais até o meio-dia de domingo: muito menos, por exemplo, que a França, que registrava uma participação de 13,6% até aquele momento.
Voto de protesto em toda parte
Praticamente em todos os países da UE, as eleições para o Parlamento Europeu foram instrumentalizadas pelos eleitores para o protesto contra a política governamental de seus países.
Na Grã-Bretanha, o Partido Trabalhista do primeiro-ministro Tony Blair obteve um resultado semelhante do SPD na Alemanha – uma derrocada histórica. Mas os Conservadores não foram os beneficiados: o desconhecido e até agora insignificante UK Independence Party (UKIP), que prega a retirada do Reino Unido da União Européia logrou conquistar 18% dos votos. Um resultado antes considerado impensável.
Na França, os beneficiados pelo protesto dos eleitores foram os socialistas. Eles obtiveram uma clara vitória sobre os partidos de centro-direita que apóiam a política do presidente Jacques Chirac. O mesmo fiasco dos partidos governamentais foi registrado na República Tcheca, na Dinamarca, na Letônia, em Malta, na Irlanda, na Holanda, na Eslovênia e na Áustria.
Os únicos dois países em que os partidos situacionistas sairam fortalecidos das eleições européias foram a Grécia e a Espanha. Em ambos os países, houve um pleito nacional recente que resultou na troca de governo. Com isso, ainda não houve tempo aparentemente para um acúmulo de insatisfação entre os eleitores. Eles preferiram dar um voto de confiança a seus novos governos.