Integração
13 de março de 2008Mais de três quartos dos turcos entrevistados, com ou sem passaporte alemão, afirmaram que a chanceler federal Angela Merkel não representa, adequadamente, os cidadãos com ascendência turca na Alemanha. O relatório baseado em 400 respostas foi publicado na atual edição do semanário Die Zeit.
Noventa e dois por cento afirmaram que "turcos na Alemanha deveriam preservar sua identidade cultural". Quase na mesma proporção (89%), declarou que a sociedade alemã deveria considerar mais os hábitos dos imigrantes turcos.
Apesar disto, uma boa maioria (83%) considerou a língua alemã como chave para o sucesso como imigrante e dois terços declararam não se arrepender da decisão de ter vindo para a Alemanha.
"As opiniões apresentadas nas pesquisas mostram que temos que fazer mais para fortalecer o sentimento de pertencimento daqueles com ascendência turca que moram na Alemanha", afirmou Maria Böhmer, responsável do governo federal alemão por questões ligadas à integração. "Os 2,7 milhões de pessoas na Alemanha com ascendência turca nos pertencem; eles são parte importante da nossa sociedade", acresceu.
Terceira rodada de diálogo islâmico
Como terceira parte da série de conferências islâmicas planejadas para acontecer num período de dois ou três anos, o ministro alemão do Interior Wolfgang Schäuble (CDU) se encontra, nesta quinta-feira (13/03) em Berlim, com diversos representantes de organizações muçulmanas na Alemanha.
O objetivo da conferência, que trata de temas como valores constitucionais, ordem social e mídia, é a melhor integração dos estimados 3,4 milhões de muçulmanos que vivem na Alemanha.
Muitas das organizações presentes são consideradas fundamentalistas – incluindo a Associação Turco-Islâmica Milli Gorus (IGMG), a Sociedade Islâmica na Alemanha (IGD) e a Associação dos Centros Culturais Islâmicos (VIKZ) – elas não representam necessariamente a maioria dos muçulmanos na Alemanha.
Ministro sugere lições de Islã nas escolas
À frente da conferência, Schäuble tomou os primeiros passos para a introdução de aulas sobre o Islã em escolas alemãs. Religião faz parte do currículo das escolas, onde a maioria dos alunos participa dos cursos sobre a fé católica e protestante.
Como pré-requisito, o islamismo teria que ser reconhecido pelo governo como um grupo religioso, afirmou o ministro. Os cursos seriam ministrados em alemão.
"Nós combateremos, de qualquer forma, os pregadores do ódio", afirmou Schäuble nesta quinta-feira em entrevista à Stern Online. "Com aulas religiosas de Islã, criaremos uma concorrência", acresceu.
Erdogan convida Merkel para manifestação pública
Também nesta quinta-feira, o primeiro-ministro turco Recep Tayyp Erdogan expressou pesar pelo não-comparecimento da chanceler federal Angela Merkel ao discurso que fez para imigrantes turcos durante a sua visita à Colônia, em fevereiro passado.
"Se estivéssemos juntos no palco, isto teria sido uma mensagem para a sociedade alemã e uma motivação para os turcos que vivem na Alemanha", afirmou Erdogan em entrevista ao diário Frankfurter Allgemeine Zeitung. "Isto poderá ser recuperado sempre que Merkel quiser", afirmou o primeiro-ministro.
Erdogan foi motivo de críticas na Alemanha quando, durante o discurso, ele advertiu os turcos na Alemanha para não perderam sua identidade cultural. Merkel respondeu dizendo que não concordava com a opinião do primeiro-ministro no ponto de vista da integração. "A assimilação é comparável a um crime contra a humanidade", afirmou Erdogan em Colônia.
Integração enfrenta obstáculos
É provocador o fato de milhares de pessoas se sentirem mais bem representadas, na Alemanha, por Erdogan do que por políticos alemães, comentou Armin Laschet, secretário de Integração do estado da Renânia do Norte-Vestfália.
Os imigrantes têm que saber que não são obrigados a se assimilar, acresceu. Em vez disso, "a conferência tem por objetivo levar todos a aderirem aos valores constitucionais e às leis vigentes na Alemanha".
Nas últimas semanas, uma série de acontecimentos levou a tensões sobre a integração na Alemanha. No começo de fevereiro, nove imigrantes turcos morreram durante um incêndio de um prédio residencial da cidade de Ludwigshafen, no sudeste do país. As suspeitas iniciais de incêndio criminoso foram negadas, posteriormente, pelas autoridades.
O atual governador de Hessen, Roland Koch, também irritou muita gente, no começo do ano, devido a uma campanha contra imigrantes no contexto das eleições estaduais. Entre os principais pontos da campanha, estava a deportação de delinqüentes juvenis não-alemães.