Combate à pobreza
6 de dezembro de 2006O Departamento Federal alemão de Estatísticas divulgou, nesta semana, os resultados da pesquisa Viver na Europa, em inglês EU-Silc (Estatísticas Sociais sobre Salários e Condições de Vida), realizada até 2005 nos Estados-membros da União Européia (UE).
No contexto da pesquisa, foram levantados dados para a composição de um quadro genérico sobre a situação de vida em domicílios dos países europeus. Os dados divulgados referem-se à ameaça de pobreza nos diversos países da UE.
A taxa de ameaça de pobreza, que é bem maior na Irlanda, em Portugal, na Eslováquia, na Espanha e na Itália, se encontra, na Alemanha, na média dos países da Europa. O Departamento Federal de Estatísticas explica, entretanto, que esta definição de pobreza é relativa.
Quando há ameaça de pobreza
Segundo o estudo, 13% da população alemã, cerca de 10,6 milhões de pessoas, entre as quais 1,7 milhão de crianças abaixo dos 17 anos, se encontrava ameaçada de pobreza no ano de 2004. Nos Estados do Leste alemão, inclusive Berlim, esta taxa se eleva para 17%.
Walter Rademacher, vice-presidente do Departamento Federal de Estatísticas, explica que esta pobreza, todavia, é medida segundo padrões europeus.
"Não se trata de uma definição de pobreza absoluta, que se pode comparar com países do Terceiro Mundo, trata-se de uma definição que se direciona à nossa sociedade", afirmou Rademacher.
Pela definição da União Européia, para que alguém seja considerado "ameaçado de pobreza" é necessário que disponha de menos de 60% do salário médio líquido pago em cada país. Na Alemanha, esta quantia seria de 1427 euros, 60% deste salário corresponderiam a 856 euros.
Quem é realmente pobre
Quem recebe menos de 40% do salário médio líquido é considerado realmente pobre. Nesta situação, estão 4% dos alemães. Rademacher explica que os principais fatores da pobreza são o desemprego e a falta de formação profissional.
Sem transferências sociais como seguro-desemprego, ajuda-moradia ou salário-família, esta ameaça de pobreza seria bem mais alta e atingiria cerca de um quarto da população alemã.
Para se ter uma idéia do que é "ameaça de pobreza" na Alemanha, basta observar declarações de pessoas, nesta situação, sobre privações no seu dia-a-dia. Tirar uma semana de férias, trocar uma máquina de lavar quebrada ou ir ao médico estão entre elas. Em cerca de 14% de domicílios ameaçados de pobreza, até o aquecimento é reduzido no inverno por causa dos custos.
Dados abaixo da média
O vice-presidente do Departamento Federal de Estatísticas salientou, entretanto, que em comparação com outros países europeus, o perigo da pobreza, na Alemanha (13%), onde foram entrevistadas cerca de 25 mil pessoas em 13 mil domicílios, está abaixo da média européia.
Na Irlanda, Portugal e Eslováquia, 21% da população vivem sob essa ameaça. Também na Espanha (20%) e na Itália (19%), a taxa é bem mais alta.
Enquanto França (14%) e Áustria (13%) têm média semelhante à alemã, ela é mais baixa (11%) nos países escandinavos e em Luxemburgo. Rademacher salientou que os dados alemães ainda não incluem as recentes reformas no mercado de trabalho.
Medidas para vencer a pobreza
Na Europa, a importância de estatísticas sobre salário, pobreza e ostracismo social tem aumentado, nos últimos tempos, devido ao maior significado político que essas temáticas têm recebido.
Num encontro de cúpula da União Européia realizado em Lisboa no ano 2000, foi decidido que medidas seriam tomadas visando à extinção definitiva da pobreza no continente até 2010. Viver na Europa é resultado deste encontro.
Os dados do Viver na Europa divulgados nesta terça-feira (5/12) referem-se a 14 países e aos anos de 2003 e 2004. Em 2005, entretanto, todos os 25 Estados-membros da União Européia, como também Noruega e Islândia, participaram do levantamento do EU-Silc. Estes dados ainda não estão à disposição.