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Euro: melhor performance do que se esperava

rw30 de dezembro de 2002

Embora maioria dos alemães se queixe de que o euro teria tornado tudo mais caro, Bruxelas faz um balanço positivo do primeiro ano da moeda comum européia.

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Foto: AP

No dia 1º de janeiro de 2003, o euro completa seu primeiro ano de circulação em 12 dos 15 países da União Européia. O enorme desafio logístico para a implementação da nova moeda foi vencido sem problemas e, já nos primeiros dias de 2002, mais de 650 bilhões de euros estavam à disposição de 300 milhões de consumidores na comunidade.

O grande ceticismo inicial diminuiu, mas não acabou nem quando superou a paridade em relação ao dólar, que já dura algumas semanas. Inclusive políticos e economistas confessam ainda fazer contas em marcos antes de comprarem algum produto. "Nossas expectativas foram atendidas", destaca Christa Randio-Plath. Segundo a presidente da Comissão Monetária do Parlamento Europeu, pesquisas de opinião revelam que 65% dos europeus vêem um marco histórico na introdução do euro.

Saudade do marco

– Já os alemães não são tão otimistas. Mais da metade, e a tendência é crescente, gostaria que o marco voltasse. Levando-se em consideração toda a Zona do Euro, a cota dos nostálgicos é de 45%. Christa Randio-Plath restringe-se a elogiar a política de estabilidade de preços do Banco Central Europeu e lembra que a inflação média nos países da Eurolândia inclusive diminuiu em 2002.

Ao final do primeiro ano, a moeda européia está diante de vários desafios. Conjuntura fraca, aumentos descontrolados nos déficits públicos e déficits fiscais ameaçam inclusive quatro países de receberem uma advertência de Bruxelas: Alemanha, França, Itália e Portugal. Seus déficits públicos superaram ou se aproximaram demasiado do limite de 3% imposto pelo Pacto de Estabilidade da nova moeda.

Problemas diversificados

– "A falta de disciplina orçamentária da Alemanha, motor da união monetária e gigante econômico, foi surpreendente", lamenta Daniel Gross, diretor do Centro de Estudos Políticos Europeus em Bruxelas. Gross vê outra ameaça para a comunidade dos 12: a disparidade entre índices de inflação e de crescimento econômico entre os diversos membros da união monetária.

A conseqüência é que as taxas básicas de juros estipuladas pelo Banco Central Europeu são altas para a Alemanha, que não consegue acelerar o crescimento econômico, mas mantém seus preços estáveis. Por outro lado, as taxas básicas de juros são muito baixas para a Espanha, país de inflação alta mas de conjuntura estável.

Mesmo assim, Gross critica a ladainha dos alemães, que apelam por taxas mais baixas: "No caso da Alemanha, por exemplo, podemos partir do princípio de que meio por cento de redução com certeza não resolveria o problema, a questão é mudar a política econômica. O problema é que em muitos países os governos preferem adotar medidas de curto prazo", conclui o diretor do Centro de Estudos Políticos Europeus.