Europa se empenha contra espiral de violência no Oriente Médio
16 de julho de 2006Juntamente com outras nações européias, a Alemanha vem tentado apaziguar o feroz conflito no Oriente Médio, entre temores de que a crise possa explodir numa guerra regional.
O noticiário Spiegel informou neste domingo (17/07) que os Estados Unidos haveriam pedido à chanceler federal alemã, Angela Merkel, que intercedesse junto às autoridades israelenses. Merkel haveria comentado que o Líbano está num estado frágil e que não deve ser desestabilizado.
O governo de Berlim não confirmou a notícia. Em ocasiões passadas, a Alemanha atuou como mediadora entre Israel e o grupo de guerrilha Hisbolá, baseado no Líbano.
Sombra sobre o G8
O conflito no Oriente Médio domina a cúpula do Grupo dos Oito, que se realiza em de São Petersburgo. Neste domingo, em seguida a uma sessão de emergência, os chefes de Estado e governo divulgaram uma nota comum, urgindo todos os lados envolvidos a agirem com moderação.
Segundo comunicado de Berlim, Merkel, de São Petersburgo, falou ao telefone com o rei Abdula 2º, da Jordânia, a partir de São Petersburgo, onde a premiê participa do encontro.
"A chanceler federal e o ministro do Exterior alemão, assim como seus homólogos de outros países da União Européia, estão realizando numerosas conversas, inclusive com representantes de Israel e dos países árabes. As conversações visam contribuir para o apaziguamento da situação e a estabilidade do governo libanês", dizia o comunicado.
O canal oficial da TV italiana noticiou que o primeiro ministro Romano Prodi estaria atuando como mediador. O primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, haveria transmitido ao governo libanês, através de Prodi, uma lista de condições para que cesse a ofensiva contra o Líbano. Delas constam a libertação dos soldados, presos há vários dias pelo grupo radical Hisbolá, assim como a retirada das milícias xiitas da fronteira com Israel, no sul do Líbano.
Steinmeier duvida
Um porta-voz de Tony Blair, primeiro-ministro britânico, declarou que o Irã e a Síria devem demonstrar empenho para minorar a crise no Oriente Médio. "Sabe-se das conexões entre o Irã e Síria e os extremistas envolvidos", declarou o porta-voz, referindo-se ao Hisbolá.
O ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, falou ao telefone neste sábado com o premiê do Líbano, Fuad Siniora. Ambos concordaram que é preciso interromper a espiral da violência.
Antes, o chefe da diplomacia alemã declarara que, embora entendendo a necessidade de Israel de autodefesa, ele não via a destruição da infra-estrutura libanesa como uma "reação necessária". Por esta declaração, Steinmeier foi criticado pelo Conselho Central dos Judeus na Alemanha.
O conto da causa e efeito
Alguns políticos expressaram ceticismo quanto à própria capacidade da Alemanha de mediar o atual conflito. O país goza de boa reputação, e tudo faria para contribuir no sentido de um arrefecimento da violência, declarou Eckart von Klaeden, especialista em política externa do partido conservador CDU.
"Mas desta vez será difícil uma mediação, pois tanto no campo palestino quanto no libanês faltam interlocutores prontos e aptos a exercer influência considerável sobre os terroristas", advertiu Von Klaeden.
Ecoando as palavras da – também democrata cristã – chanceler federal, o deputado acrescentou que "não se deve confundir causa e efeito", "Isso significa que Israel foi atacada e tem o direito de se defender", declarou ao jornal Passauer Neue Presse.
Viagem conjunta de mediação?
Elmar Brok, presidente da Comissão de Assuntos Externos do Parlamento Europeu, propôs uma viagem conjunta de mediação até a região. Ela reuniria os ministros do Exterior da Rússia e dos Estados Unidos, assim como o encarregado da Política Externa e Segurança Comum da União Européia, Javier Solana, além de um alto representante da ONU.
"O palestinos não confiam nos norte-americanos, os russos não têm credibilidade junto aos israelenses e a confiança nos europeus é limitada. Mas todos eles juntos poderiam compor uma garantia de segurança, negociando uma solução com êxito", sugeriu Brok. Javier Solana já se encontra em Beirute, para sondar a situação.
Temores fundados
As forças israelenses têm investido contra os quartéis-generais do Hisbolá, desde que a organização militante capturou dois se seus soldados e matou oito, na quarta-feira passada. A escalada do conflito desperta temores de uma guerra em grande escala.
Cerca de 100 libaneses, na maioria civis, já foram mortos em repetidos ataques aéreos e terrestres. Israel assegurou que as ofensivas poderão continuar pos semanas e meses, até estar destruída a capacidade do Hisbolá de disparar mísseis sobre Israel.
Neste domingo, a cidade portuária israelense de Haifa foi bombardeada pelo Hisbolá. Trata-se da terceira maior cidade do país.