Energias renováveis
15 de novembro de 2011Em 2030, a Terra terá mais de oito bilhões de habitantes. Com o aumento da população, cresce a demanda por água, energia e alimentos. Porém os recursos são limitados e, para estimular o 'pensar verde', o governo alemão reúne participantes do mundo todo na Conferência Nexus, de 16 a 18 de novembro em Bonn.
A preocupação com o desenvolvimento sustentável não é nova. Há 40 anos, o Clube de Roma publicou o relatório Os Limites do Crescimento que, já naquela época, abordou desafios ao desenvolvimento da humanidade, como energia e crescimento da população.
Em 1987, a ONU publicou o relatório Brundtland, com o texto Nosso Futuro Comum, onde o desenvolvimento sustentável foi concebido como "o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades". E no Rio de Janeiro, em 1992, na Agenda 21, as Nações Unidas aceitaram pela primeira vez se comprometer com o estudo de soluções para os problemas sócio-ambientais.
De olho em 2012
A Conferência Nexus é um dos muitos encontros em todo o mundo com a meta de afinar o discurso para o grande encontro em 2012, no Rio de Janeiro (o Rio+20). Vinte anos depois da primeira reunião no Rio de Janeiro, que ficou conhecida como Eco-92, a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável pretende retomar a problemática.
Na reunião em Bonn, o governo alemão quer focar a discussão em formas sustentáveis de economia, para assegurar alimentos, água e energia para as gerações futuras do planeta. Participam dos debates 500 representantes das áreas de economia, política, sociedade civil, ciência e das Nações Unidas.
Achim Steiner, chefe do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), acredita que a chanceler federal alemã, Angela Merkel, tem uma agenda ambiciosa para a Rio+20. "Acho que a Alemanha já reconheceu que também é de seu interesse incentivar o desenvolvimento sustentável a nível global", diz Steiner.
Alemanha pode ser modelo
Segundo Steiner, a Alemanha demonstrou várias vezes poder servir de modelo a uma economia sustentável. Por isso, ele acredita que o país é o melhor cenário para sediar a Conferência Nexus, uma vez que a Alemanha já chamou a atenção do mundo quando, após a catástrofe em Fukushima, decidiu desligar suas usinas nucleares.
Por outro lado, há décadas, a Alemanha também é considerada exemplo em gestão da água e em investimentos na pesquisa e no desenvolvimento da economia agrária internacional. Steiner destaca ainda o pioneirismo alemão nas áreas de biodiversidade, agricultura e energia.
Há dez anos, diz Steiner, "especialistas teriam rido se alguém dissesse que a economia do segundo maior exportador do mundo superaria a dos demais países da Europa, apesar de 20% de sua eletricidade ser produzida à base de energias renováveis", comenta.
A ambiciosa mudança na produção energética alemã não focaliza somente as energias renováveis, mas também a conservação de recursos naturais e medidas para economizar energia. Já hoje, por exemplo, 80% da energia podem ser economizados em um prédio graças a um isolamento térmico eficiente.
Para Dirk Messner, diretor do Instituto Alemão de Política de Desenvolvimento, a solução não é produzir mais energia, mas sim economizá-la, mantendo os mesmos padrões de bem-estar. "Atualmente, 85% da energia produzida no mundo vêm de combustíveis fósseis e, dentro dos outros 15%, está a energia nuclear. Até 2050, ou seja, nas próximas quatro décadas, é preciso inverter isso, de forma que 15% da produção mundial venha de combustíveis fósseis e 85% de não fósseis, como as energias renováveis", reivindica.
Na conferência em Bonn, o governo alemão pretende enfatizar que uma "economia verde" só é viável a nível global, e que, para alimentar a crescente população mundial, é preciso mudar a consciência em relação às matérias-primas.
A reciclagem, por exemplo, desempenha um papel muito importante neste processo. Na Alemanha, são reciclados hoje 88% do papel usado. O mesmo vale para vidro (87%), metais (72%) e plásticos (67%). Com estes processos, a economia alemã economiza mais de 3,5 bilhões de euros por ano.
Autora: Helle Jeppesen (br)
Revisão: Roselaine Wandscheer