Ultradireita e grupos LGBT se enfrentam na Polônia
17 de agosto de 2020Centenas de nacionalistas poloneses e defensores dos direitos dos homossexuais se enfrentaram no centro de Varsóvia neste domingo (16/08), em meio à deterioração da situação da comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros) no país.
Ambos os grupos gritaram insultos um contra o outro em frente ao portão principal da Universidade de Varsóvia. Policiais formaram um cordão de isolamento para separar os dois lados.
Os nacionalistas queimaram uma bandeira de arco-íris – símbolo do movimento LGBT –, enquanto os ativistas LGBT pintaram uma no asfalto.
No começo do mês, a polícia prendeu 48 pessoas durante um protesto contra o encarceramento de uma ativista LGBT, submetida a dois meses de prisão preventiva, acusada de pichar uma caminhonete com dizeres contra homossexuais, de agredir um dos ocupantes do veículo e de pendurar bandeiras de arco-íris em estátuas em Varsóvia.
Os direitos dos homossexuais foram uma questão controversa na recente eleição presidencial, que reelegeu para um segundo mandato o atual chefe de Estado polonês, Andrzej Duda – um aliado do partido governista nacionalista de direita Lei e Justiça (PiS). Duda chegou a dizer durante um comício que "a ideologia LGBT é pior do que o comunismo".
'Parem a agressão LGBT'
A manifestação de domingo, sob o lema "parem a agressão LGBT", foi convocada pelo movimento nacionalista de extrema direita Juventude de Toda Polônia.
O ex-líder do grupo Krzysztof Bosak obteve quase 7% dos votos no primeiro turno das eleições presidenciais, realizado em junho. "Esta é uma ideologia tóxica, perigosa, revolucionária e radical", disse Bosak em discurso durante a manifestação.
O PiS tem promovido um programa de retrocesso das liberdades individuais, particularmente em relação aos direitos das mulheres e da comunidade LGBT.
Durante o período de vigência das restrições impostas devido à pandemia de coronavírus, milhares de mulheres protestaram contra a proposta de endurecimento das já rígidas leis contra o aborto.
Desde o ano passado, cerca de 100 municípios poloneses, localizados sobretudo na área leste do país, já se declararam "zonas livres de ideologia LGBT", medida que provocou reações da UE, incluindo a rejeição pela Comissão Europeia de que seis dessas cidades participem de um programa para receber fundos europeus.
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