Exército dá ultimato e ameaça intervir na crise egípcia
1 de julho de 2013O Exército egípcio deu nesta segunda-feira (01/07) um prazo de 48 horas para que o presidente Mohammed Morsi forneça uma resposta concreta às demandas do povo, que há dias vai em peso às ruas de várias cidades do país, sobretudo do Cairo, pedir mudanças no governo.
O ultimato, lido em rede nacional pelo general Abdel Fattah al-Sisi, chefe das Forças Armadas, não fala explicitamente em tirar Morsi do poder. Porém é a indicação mais clara, neste último ano de governo Morsi, de que os militares podem assumir novamente o poder no Egito, como fizeram após a queda de Hosni Mubarak.
"Se as demandas do povo não forem atendidas nesse período, as Forças Armadas vão anunciar um futuro roteiro e medidas para viabilizar a sua implementação", diz o comunicado lido na TV. “Desperdiçar mais tempo levará apenas a mais divisão, contra o que nós já alertamos e continuamos a alertar."
O ultimato torna ainda mais tensa a já complicada situação egípcia. A oposição convocou seus seguidores a permanecerem nas ruas até a queda de Morsi, dando um ultimato para que este renuncie até o fim da tarde desta terça-feira. Pelo menos 16 pessoas morreram durante os protestos do domingo.
Também nesta segunda-feira, quatro ministros do gabinete de Morsi apresentaram sua demissão: os responsáveis pelas pastas de Turismo, Meio Ambiente, Comunicações e Assuntos Jurídicos e Parlamentares.
Na madrugada de domingo para segunda-feira, manifestantes chegaram a ocupar e saquear a sede da Irmandade Muçulmana, já atacada durante a noite depois dos confrontos entre apoiadores e opositores de Morsi.
O Egito segue profundamente dividido. Enquanto os partidários de Morsi argumentam que ele é o primeiro presidente democraticamente eleito do país, seus adversários o acusam de só representar os interesses da Irmandade Muçulmana.
Os manifestantes dizem que Morsi e a Irmandade Muçulmana não fazem mais do que tentar se fortalecer no poder e impor, à força, princípios islâmicos à sociedade egípcia. A insatisfação é acentuada pela frágil situação econômica, que vem levando, além do aumento da violência, a racionamentos de energia, crescimento do desemprego e elevação do custo de vida.
RPR/rtr/afp/ap