Falta mão-de-obra especializada na Alemanha
4 de julho de 2006Dieter Hundt, presidente da Confederação Alemã de Empregadores (BDA), já prevê há anos a falta de trabalhadores especializados no país. Os empregadores advertem sobre o excesso de mão-de-obra não especializada e, concomitantemente, sobre a carência cada vez maior de técnicos e acadêmicos na Alemanha.
A BDA afirma que, com o desenvolvimento demográfico negativo, esta situação só tende a se agravar e, até 2050, teme-se um recuo de 10 milhões no número de assalariados no mercado de trabalho alemão.
Hundt antevê que a insistência na atual política deverá levar à necessidade de uma maior entrada de trabalhadores estrangeiros especializados na Alemanha. Culpando principalmente o sistema de ensino alemão por tal situação, ele pede uma guinada na política de imigração e integração do governo.
Pouco estímulo e pouca exigência
Segundo a diretora do Instituto de Pesquisas do Mercado de Trabalho e da Profissão (IAB), Jutta Allmendiger, a integração de milhões de imigrantes na Alemanha, de fato, não aconteceu.
"Com cerca de 40% de imigrantes sem diploma de Hauptschule (escola em que os alunos recebem uma formação geral básica) e sem formação profissionalizante, não é de se estranhar que o desemprego entre os estrangeiros seja tão alto", afirma Allmendiger.
A baixíssima escolaridade e a alta taxa de desemprego entre os estrangeiros é fruto, na opinião de Dieter Hundt, de uma política de imigração errada. Não só houve falta de exigência, mas também falta de estímulo aos filhos de imigrantes, cujo potencial acabou sendo desperdiçado na Alemanha.
"Em uma sociedade aberta e em uma economia globalizada, em que as competências interculturais assumem um lugar fundamental, é cada vez mais necessário que os filhos de imigrantes aprendam o idioma alemão, sem esquecer de cuidar do seu idioma de origem. A integração dos imigrantes é um importante pilar para o futuro e para a capacidade de renovação do nosso país", declara o presidente da BDA.
Economia principal fator de integração
O ministro alemão do Interior, Wolfgang Schäuble (CDU), vê a situação com outros olhos. Acreditando também que a economia é o principal fator de integração, ele propõe uma maior responsabilidade pelo treinamento profissional, principalmente no setor de baixos salários, para os filhos de estrangeiros.
"Nós teremos, também no futuro, uma grande parte dos trabalhadores de origem estrangeira em setores menos especializados e não nos primeiros escalões do trabalho e da qualificação e, sim, na área de atividades simples", afirma Schäuble.
Na opinião do ministro, a falta de vagas no setor de baixos salários provocaria o aumento do trabalho ilegal. A proposta do político de aumentar a oferta de vagas de treinamento neste setor é justamente o contrário daquilo que as lideranças econômicas demandam com vistas ao futuro.
Batendo na mesma tecla errada
Para Dieter Hundt, os políticos batem na mesma tecla ao pensar que o fechamento do mercado de trabalho para estrangeiros poderá levar à criação de novas vagas no mercado interno. "A experiência dos últimos 30 anos nos mostra que isto é um grande erro", afirma Hundt.
O afluxo de trabalhadores estrangeiros deverá se orientar pela qualificação, experiência profissional e pelo conhecimento da língua. "Uma política de imigração que se oriente pelas necessidades do mercado de trabalho pode muito mais levar a uma dinamização da economia e maior ocupação", acrescenta o presidente da Confederação Alemã de Empregadores.
Uma posição também compartilhada pelo presidente do Instituto de Pesquisas Econômicas de Munique (Ifo), Hans-Werner Sinn, para quem a Alemanha deverá se preparar para uma imigração em massa, para que não falte ao futuro da economia local muito mais do que os gols feitos por Miroslav Klose e Lukas Podolski (de origem polonesa) para a seleção alemã na Copa de 2006.