Berlin Club Nacht conecta São Paulo à capital alemã
19 de julho de 2013À primeira vista, São Paulo e Berlim são lugares completamente diferentes. A tranquilidade e organização das ruas da capital alemã pouco se parecem com a intensidade caótica do centro financeiro do Brasil. Mas ambas as cidade têm ao menos uma coisa em comum: uma movimentada e intensa vida noturna.
Mais do que isso, nos últimos anos São Paulo e Berlim despontaram como cidades catalisadoras de uma cultura urbana jovem de caráter mais experimental e ousada. A vida noturna das duas metrópoles não é só mais um lugar para se divertir e curtir música, mas também um lugar onde tendências são lançadas e parcerias culturais são feitas.
"São Paulo é a Nova York da América Latina: concentração de dinheiro, prédios altos, tendências e pessoas diferentes, sem grandes belezas naturais, como no Rio de Janeiro. Mas eu adoro a cidade. Queria falar melhor português e mal posso esperar para comer açaí", disse o DJ Daniel Wang em entrevista à DW Brasil.
Ele é atração principal da segunda edição da Berlin Club Nacht, evento que busca promover o intercâmbio musical entre as noites de Berlim e São Paulo e ocorre neste sábado (20/07) na capital paulista.
Intercâmbio além das pistas
No âmbito do ano da Alemanha no Brasil, promotores paulistanos se associaram ao Instituto Goethe e à Club Comission Berlin, associação que representa mais de dois mil clubes e organizadores de eventos culturais na capital alemã – assim nasceu a Berlin Club Nacht em São Paulo.
"A primeira edição foi muito bem sucedida e tivemos um ótimo retorno. Milhares de pessoas estiveram presentes aos eventos, que tiveram quase todos os seus ingressos esgotados. Atingimos diferentes nichos de público, que muitas vezes não se misturam", disse o promotor Marcos Guzman.
A primeira Berlin Club Nacht aconteceu durante três dias em maio, em diversos clubes espalhados por São Paulo, e apresentou nomes como Ada, Chris Bekker, Gebrüder Teichmann e Tim Vitá.
"Selecionamos os DJ pela sua inovação e conteúdo artístico autoral. A intenção é atingir diversos segmentos de público, pois a cena de música eletrônica em São Paulo é segmentada. Queríamos promover o encontro entre DJs, seus respectivos estilos e subgêneros musicais nos clubes correspondentes. Foi uma escolha orgânica e natural", explicou Guzman.
A programação incluiu ainda seminários, debates e projeções de filmes, tentando estabelecer uma cooperação entre artistas, músicos e formadores de opinião da área e proporcionando uma intensa discussão técnica e cultural.
Um californiano em Berlim
Daniel Wang nasceu na Califórnia, cresceu em Taiwan, estudou em Chicago e Nova York e vive em Berlim desde 2003. "A cidade tem se tornado cada vez mais diversa, com espaço para diferentes culturas e para estilos de vida alternativos, o que inclui a cena eletrônica, mas também festas gays, a discussão de ideias políticas e uma cultura pan-europeia. A maneira como as pessoas discutem capitalismo, consumismo e conhecimento ajuda a criar vidas mais interessantes. Aprendi muito nesses dez anos", afirmou.
Além de DJ, Wang também é produtor. Suas músicas e sets bebem da fonte da disco e da house dos anos 1990. "Sempre gostei de disco, desde criança. Mas o gênero só começou a fazer sentido para mim quando vivia em Nova York, na década de 1990. A música que dominava a cena soava para mim como se eles não soubessem tocar os acordes. Assim, eu trouxe de volta a disco para minhas produções, pois as pistas de dança em Nova York estavam cada vez mais monótonas", explicou.
Para Wang, chamar Berlim de a "capital do techno" é uma impressão superficial de quem olha de fora. "A cena da cidade está cada vez mais diversificada, com mais estrangeiros e mais dinheiro, o que não é necessariamente algo ruim. Quando visitei Berlim em 2000, tudo parecia menor, mais concentrado e de certa maneira mais primitivo. Atualmente, Berlim talvez seja a cidade com os melhores clubes do mundo e a cidade ainda continua alternativa e empolgante", disse Wang.
Em São Paulo, o DJ se apresenta na festa Green Sunset, que acontece no final da tarde no MIS (Museu da Imagem e do Som) e no clube Lions. "Para o dia, que tem um público mais eclético, vou tocar em diferentes direções, não apenas clássicos disco, mas variações eletrônicas, rock e jazz. Para a noite, que tem um público mais gay, quero tocar algo dramático e nostálgico, com mais vocais", concluiu o DJ.
A segunda edição da "Berlin Club Nacht" com Daniel Wang ocorre neste sábado (20/07) no Museu da Imagem e do Som e no Clube Lions em São Paulo.