Pais jovens têm maior chance de transmitir mutação genética
18 de fevereiro de 2015As chances de uma crianças desenvolver doenças originadas por mutações genéticas, como esquizofrenia, espinha bífida e autismo, parecem ser significativamente maiores para filhos de pais adolescentes, segundo um estudo realizado por pesquisadores das universidades de Münster, na Alemanha, e Cambridge, na Inglaterra.
Essa tendência já havia sido identificada em 2007, em um estudo que utilizou dados de cinco milhões de bebês americanos. Mas a razão para isso era até então desconhecida.
"Estudos realizados até agora demonstraram que homens com idade entre 20 e 35 anos têm o esperma mais saudável", explica o geneticista da Universidade de Cambridge Peter Forster, chefe da equipe que realizou a pesquisa.
Altas taxas de mutação
Os resultados obtidos por Forster e sua equipe são claros – e surprendentes. Afinal, acreditava-se que o material genético de homens mais velhos aumentava o risco de certas doenças, não o de homens jovens.
"Embora estudos nos últimos anos tenham mostrado que especialmente homens jovens transmitem doenças hereditárias a seus filhos, até agora ninguém tinha conseguido explicar por que isso acontece. Descobrimos agora a razão: eles simplesmente têm uma alta taxa de mutação."
Quando a célula se divide, a informação genética precisa ser copiada. Nesse momento o DNA pode escorregar, formando uma sequência genética mais longa ou mais curta. Dependendo das tarefas desempenhadas pelo gene defeituoso, as consequências podem ser graves.
"A taxa de mutação – ou seja, o número de cópias de DNA defeituoso – é um terço mais alta em pais com menos de 20 anos do que em pais com idade entre 20 e 35 anos", explica Forster.
Juventude não é sinônimo de saúde
Assim, diferente do que se pensava até agora, genes jovens não são sinônimo de genes saudáveis. "Uma explicação para isso pode ser o fato de o mecanismo de produção de espermatozoides ainda não estar plenamente ajustado no início da puberdade, o que pode causar uma série de erros", opina Forster.
Os pesquisadores estudaram sequências genéticas específicas, claramente passadas de pai para filho e que não podem ser alteradas por fatores ambientais externos: os chamados microssatélites. Cerca de 24 mil amostras de DNA de pais e filhos da Europa, do Oriente Médio e da África foram examinadas.
A equipe liderada por Forster não oferece uma explicação conclusiva sobre as doenças genéticas. "Sempre há fatores externos que influenciam o desenvolvimento de certas doenças, mas que não podem ser medidos. Encontramos uma correlação significativa entre a idade dos pais e a taxa de mutação do material genético deles, o que, naturalmente, não exclui esses fatores."
Além disso, o cientista diz que é importante relativizar os resultados: filhos de homens com idade entre 20 a 35 anos têm 1,5% de chance de desenvolver uma doença originada por mutação genética. "De acordo com as nossas medições, em crianças de pais adolescentes, este risco é de 2%. Mas o mais importante para mim é que 98% das crianças de pais jovens são saudáveis."