1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Pais jovens têm maior chance de transmitir mutação genética

Lisa Duhm (md)18 de fevereiro de 2015

Estudo aponta que homens de até 19 anos têm 33% mais chance de ter filhos com doenças originadas por mutações genéticas. Cientistas acreditam que motivo esteja ligado à pouca maturidade do sistema de produção de esperma.

https://p.dw.com/p/1EdfK
Foto: Fotolia/Sashkin

As chances de uma crianças desenvolver doenças originadas por mutações genéticas, como esquizofrenia, espinha bífida e autismo, parecem ser significativamente maiores para filhos de pais adolescentes, segundo um estudo realizado por pesquisadores das universidades de Münster, na Alemanha, e Cambridge, na Inglaterra.

Essa tendência já havia sido identificada em 2007, em um estudo que utilizou dados de cinco milhões de bebês americanos. Mas a razão para isso era até então desconhecida.

"Estudos realizados até agora demonstraram que homens com idade entre 20 e 35 anos têm o esperma mais saudável", explica o geneticista da Universidade de Cambridge Peter Forster, chefe da equipe que realizou a pesquisa.

Altas taxas de mutação

Os resultados obtidos por Forster e sua equipe são claros – e surprendentes. Afinal, acreditava-se que o material genético de homens mais velhos aumentava o risco de certas doenças, não o de homens jovens.

"Embora estudos nos últimos anos tenham mostrado que especialmente homens jovens transmitem doenças hereditárias a seus filhos, até agora ninguém tinha conseguido explicar por que isso acontece. Descobrimos agora a razão: eles simplesmente têm uma alta taxa de mutação."

Quando a célula se divide, a informação genética precisa ser copiada. Nesse momento o DNA pode escorregar, formando uma sequência genética mais longa ou mais curta. Dependendo das tarefas desempenhadas pelo gene defeituoso, as consequências podem ser graves.

"A taxa de mutação – ou seja, o número de cópias de DNA defeituoso – é um terço mais alta em pais com menos de 20 anos do que em pais com idade entre 20 e 35 anos", explica Forster.

Familie im Park mit Kind
Segundo pesquisa, homens com idade entre 20 e 35 anos têm o esperma mais saudávelFoto: picture alliance/zb/Hans Wiedl

Juventude não é sinônimo de saúde

Assim, diferente do que se pensava até agora, genes jovens não são sinônimo de genes saudáveis. "Uma explicação para isso pode ser o fato de o mecanismo de produção de espermatozoides ainda não estar plenamente ajustado no início da puberdade, o que pode causar uma série de erros", opina Forster.

Os pesquisadores estudaram sequências genéticas específicas, claramente passadas de pai para filho e que não podem ser alteradas por fatores ambientais externos: os chamados microssatélites. Cerca de 24 mil amostras de DNA de pais e filhos da Europa, do Oriente Médio e da África foram examinadas.

A equipe liderada por Forster não oferece uma explicação conclusiva sobre as doenças genéticas. "Sempre há fatores externos que influenciam o desenvolvimento de certas doenças, mas que não podem ser medidos. Encontramos uma correlação significativa entre a idade dos pais e a taxa de mutação do material genético deles, o que, naturalmente, não exclui esses fatores."

Além disso, o cientista diz que é importante relativizar os resultados: filhos de homens com idade entre 20 a 35 anos têm 1,5% de chance de desenvolver uma doença originada por mutação genética. "De acordo com as nossas medições, em crianças de pais adolescentes, este risco é de 2%. Mas o mais importante para mim é que 98% das crianças de pais jovens são saudáveis."