Forças de paz da ONU são acusadas de exploração sexual
11 de junho de 2015Um relatório interno da Organização das Nações Unidas (ONU), tornado público nesta quinta-feira (11/06), mostrou que os agentes que participam da missão de paz da entidade em países como o Haiti e a Libéria cometeram uma série de crimes sexuais.
Os militares são acusados de trocar itens como vestidos, joias e telefones celulares por favores sexuais. O Escritório da ONU para Serviços de Fiscalização Interna (Oios, na sigla em inglês), que entrevistou centenas de mulheres no Haiti e na Libéria, afirma que entre as razões para que elas mantivessem relações com os soldados estão fome, pobreza e falta de abrigos, medicamentos, produtos para bebês e itens domésticos.
"As provas obtidas nos dois países que recebem as missões demonstram que as transações sexuais são bastante comuns, mas muito pouco reportadas", afirma o documento.
O relatório aponta que "o número de preservativos distribuídos, juntamente com a quantidade de pessoal que busca aconselhamento voluntário e testes confidenciais de HIV, sugerem que as relações sexuais entre os membros da força de paz e da população local são rotineiras". O texto cita um boletim da ONU de 2003 que proíbe tais práticas, uma vez que podem abalar a credibilidade da organização nas áreas em que opera.
Segundo o Oios, entre 2008 e 2013 houve 480 alegações de exploração sexual, um terço delas envolvendo crianças. A maior parte das acusações são referentes a missões de paz na República Democrática do Congo, na Libéria, no Haiti e no Sudão do Sul.
A ONU conta atualmente com cerca de 125 mil soldados, policiais e civis, que trabalham em 16 missões de paz em todo o mundo.
A missão para estabilização do Haiti, a Minustah, foi iniciada em 2004. Desde então, o Brasil, que chefia a missão, enviou mais de 30 mil militares ao país. Atualmente há 1.343 militares brasileiros no Haiti.
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