Impasse político
4 de setembro de 2010O Partido da Liberdade holandês, do controverso político Geert Wilders, retirou-se na última sexta-feira (03/09) da rodada de negociações com os liberais de direita e democrata-cristãos. "A Holanda precisa de um governo estável. Na nossa opinião, os democrata-cristãos não podem garantir de forma suficiente essa estabilidade", justificou Wilders a posição de seu partido.
Nas eleições parlamentares, em junho último, o Partido da Liberdade registrou o maior crescimento nas urnas entre todas as facções do país, passando a ocupar 24 das 150 cadeiras no Parlamento – terceira posição no ranking entre os partidos na preferência do eleitorado.
O Partido do Povo pela Liberdade e Democracia, de tendência liberal de direita, e o Partido do Trabalho, de linhagem social-democrata, são os majoritários no Parlamento, com 31 e 30 assentos respectivamente.
Os democrata-cristãos, antes majoritários, sob o comando do premiê Jan Peter Balkenende (que já renunciou ao cargo de presidente do partido) caíram na preferência do eleitorado para a quarta posição. Enquetes apontam que o Partido da Liberdade, de Wilders, seria hoje o preferido dos eleitores, caso novas eleições fossem realizadas no país.
Críticas ao islã
Geert Wilders tornou-se conhecido em 2008 através de um filme crítico ao islã, no qual ele afirma que o Alcorão incitaria à violência. O filme ilustra citações do livro sagrado dos muçulmanos com imagens de ataques terroristas.
Entre os democrata-cristãos, tais posturas de Wilders, avessas ao islã, são motivo de forte resistência. O político anunciou que, no dia 11 de setembro, irá participar de um protesto em Nova York contra a construção de uma mesquita nas proximidades do Ground Zero (local onde ficavam as torres do WTC, destruídas nos atentados terroristas).
Falta base para aliança de centro-direita
Ivo Opstelten, mediador nomeado pela rainha Beatriz da Holanda, afirmou não haver mais base política para um acordo de centro-direita capaz de tolerar as posições de Wilders.
Imediatamente depois, os social-democratas declararam a disposição de negociar com os liberais de direita, liberais de esquerda e verdes. Ainda não se sabe ainda se e quando tais negociações irão acontecer.
O governo do premiê Balkenende fracassou em fevereiro último frente ao debate sobre a perpetuação da participação holandesa na missão da Força Internacional de Assistência para a Segurança (Isaf) no Afeganistão.
Conflitos entre valões e flamengos
Dois meses e meio após as eleições na Bélgica, as últimas negociações para a possível formação de um governo, entre os sete partidos representados no Parlamento, foram interrompidas sem que se tenha chegado a um consenso. A sugestão apresentada pelo Partido Socialista (representante dos belgas francófonos) não era aceitável, comunicou o flamengo Partido Nova Aliança Flamenga (NVA), liderado por Bart De Wever.
Entre os pontos de discórdia estão uma redivisão dos bairros de Bruxelas e arredores, e o apoio financeiro à cidade falida. O governo de Yves Leterme desmoronou-se em maio último devido às diferenças entre os partidos sobre a questão.
Nas eleições realizadas em junho, a Nova Aliança Flamenga saiu vitoriosa. O partido possui como meta de longo prazo a separação entre os flamengos (oriundos de Flandres, cujo idioma é o holandês) e os valões, que falam francês.
No passado, a ideia predominante era de que os flamengos, mais bem-sucedidos do ponto de vista econômico, deveriam auxiliar seus conterrâneos valões. Segundo o político De Wevers, o fracasso das negociações deve ser creditado "a todos os partidos" encarregados de discutir o assunto.
Alerta para perigo de caos político
Elio Di Rupo, líder do Partido Socialista, que conduz as atuais negociações, sugeriu ao rei Alberto 2° abdicar do posto. O monarca ainda não se decidiu a respeito, afirmando que ainda há a necessidade de outras negociações. Algo que ainda pode demorar muito, segundo a mídia do país. Di Rupio havia alertado há pouco que um novo bloqueio nas negociações poderia levar a Bélgica a um "caos político".
Até que tudo se resolva, o governo de Leterme continua interinamente à frente do país. Além de questões internas, esse governo responde também pela presidência rotativa da UE, que passou às mãos da Bélgica em 1° de julho último.
Autor: Thomas Grimmer (sv)
Revisão: Augusto Valente