Fórum Econômico Mundial em Lima confirma momento positivo da América Latina
26 de abril de 2013Os arranha-céus reluzem nas ruas de San Isidora, centro econômico de Lima, enquanto as pessoas correm, de terno e gravata, para não perder o próximo compromisso. Tirando os engraxates que, por algumas moedas, põe os sapatos brilhando, a cena poderia ser em Nova York ou Londres.
Mas trata-se da América Latina – a moderna América Latina. Ali está, por exemplo, a alemã Engel und Völkers, potência do mercado imobiliário global. Ela oferece apartamentos de luxo, e os interessados vêm tanto do Panamá e da Colômbia como da China e da Europa. O crescimento econômico do Peru é uma das histórias de sucesso mais impressionantes do continente.
"A classe média cresce, o país é seguro e muito está sendo investido em educação", diz Jörg Zehnle, diretor-executivo da Câmara de Comércio e Indústria Peru-Alemanha. "Os investimentos se concentram não só na capital. Quem viaja pelo país percebe que se está construindo por todas as partes. A infraestrutura está sendo melhorada."
Crescimento sólido
Espera-se um crescimento de 7% da economia peruana este ano. Impulsionados pelo boom das commodities, começam a chegar ao país investidores dispostos a também pôr dinheiro em projetos de infraestrutura ou de tecnologia moderna.
Eleito em 2011, o presidente Ollanta Humala busca mesclar uma livre economia de mercado com aspectos sociais: seu objetivo, como já deixou claro, é diminuir a pobreza. Pela primeira vez, o Peru tem um Ministério de Desenvolvimento e Inclusão Social, uma espécie de força-tarefa para analisar os pontos fracos do sistema social e intervir de forma ativa.
"Nós precisamos entender que só podemos nos desenvolver se o crescimento econômico for distribuído de forma justa", disse Humala na abertura do Fórum Econômico Mundial (FEM) sobre a América Latina, uma versão regional do Fórum de Davos. "Nós chamamos isso de integração social."
Para Humala, o fato de o Peru ter sido escolhido para sediar o evento é um reconhecimento. Descontraído, ele conversou com o fundador do fórum, Klaus Schwab, que não poupou elogios: "O senhor mistura desenvolvimento econômico com avanços sociais e, assim, fortalece a sociedade. Ao mesmo tempo, o Peru é atraente para os investidores. O senhor é um dos maiores reformadores da América Latina."
Um reconhecimento, mas também um alerta: apesar de todo o êxito, um terço da população do Peru ainda é pobre. E no campo a discrepância entre ricos e pobres é ainda maior. Mesmo assim, o Produto Interno Bruto (PIB) triplicou nos últimos dez anos, e o índice de inflação está em torno apenas de 2%.
Falta de profissionais qualificados
O Peru é um dos vários exemplos positivos da América Latina – toda a região está em evolução. E isso ficou claro durante os debates de políticos, especialistas, empresários e representantes de ONGs no fórum em Lima. Enquanto a Europa praticamente não consegue fugir da recessão, o Banco Mundial estima um crescimento de 4% para a América Latina.
"No caso da Costa Rica, nós promovemos ativamente a integração do país na cadeia de valor global. Hoje, somos parte da cadeia de produção da indústria eletrônica, de aviação e de tecnologia médica – uma grande oportunidade de crescimento para o país", diz Anabel Gonzalez, ministra do Comércio Exterior costarriquenha e candidata a secretária-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC).
No entanto, ainda há muito o que fazer. Na América Latina há 150 milhões de pessoas com entre 15 e 29 anos de idade, muitos sem formação educacional suficiente. Um em cada três investidores americanos reclamam, por exemplo, da falta de mão de obra qualificada na região.
"É um bom momento para vir para a América Latina", disse em Lima o presidente do México, Enrique Peña Nieto, Também ele é um reformador e um portador de esperanças. O México investe em setores de futuro e deseja atrair mais investidores, também da Europa.
Ao deixar Lima de avião, os participantes do FEM, realizado entre 23 e 25 de abril puderam confirmar o potencial de sucesso das cooperações internacionais. A empresa alemã Fraport tem a concessão do aeroporto da capital peruana, um terminal moderno, com lojas atraentes e trânsito de passageiros prático. Em 2012, o Aeroporto Internacional Jorge Chávez recebeu o prêmio World Travel Award.