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G-8 volta os olhos para o mundo árabe

(sv)8 de junho de 2004

Encontro do G-8 serve como ensaio de reconciliação transatlântica entre a Casa Branca e a “Velha Europa”. A paz no Oriente Médio e o diálogo com o mundo árabe são temas que permeiam a reunião dos mais ricos do mundo.

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Cúpula do G-8: altas medidas de segurança para propor diálogoFoto: AP

Eles eram sete. Com a “incorporação” da Rússia ao clube, transformaram-se no que passou a ser chamado de G-8, a denominação abreviada para o grupo das nações mais ricas do mundo: EUA, Alemanha, França, Reino Unido, Itália, Japão e Canadá.

A partir desta terça-feira (8), estarão mais uma vez reunidos por três dias, como acontece tradicionalmente a cada ano. A peculiaridade desse ano talvez fique por conta da pauta da reunião, bem mais pontuada de temas políticos que das costumeiras elucubrações sobre presente e futuro da economia mundial.

Se a alta dos preços do petróleo ocupa uma posição periférica na agenda do encontro, o diálogo com o mundo árabe e a paz no Oriente Médio são dois pontos centrais a serem discutidos em uma pequena ilha de oito quilômetros de extensão, localizada na costa do Estado norte-americano da Georgia. E sob o olhar atento de 20 mil policiais.

Volta da harmonia transatlântica?

É dali, de Sea Island, que o presidente norte-americano George W. Bush espera que partam sinais “de uma harmonia do mundo ocidental”. Entenda-se aqui por “harmonia” a aprovação de uma resolução para o Iraque pelo Conselho de Segurança da ONU. Esta está sendo esperada para ainda antes do início da conferência de cúpula, depois que o Conselho de Segurança chegou a um consenso sobre o texto, na noite de segunda-feira (7).

Berlim deixa transparecer que não pretende, dessa vez, intervir em contrário. Talvez como uma forma de acalmar os ânimos após os árduos conflitos que envolveram a guerra do Iraque. Para selar tamanha boa vontade, o premiê Gerhard Schröder encontra-se na manhã desta terça-feira (8) pessoalmente com Bush, concretizando a terceira reunião formal entre os dois chefes de governo desde a invasão do Iraque.

Em entrevista a uma rede de TV nacional, Schröder afirmou que a Alemanha está disposta a participar da reconstrução do país. Isso, “na medida do possível”. Mas um envio de tropas continua sendo rejeitado com veemência por Berlim.

Colaboração estreita com o mundo árabe

Pelo que tudo indica, este encontro do G-8 pode mais servir como um teste reconciliatório entre a Casa Branca e a “Velha Europa” do que como o costumeiro pódio de discussões de teor econômico. Ao mundo árabe, o clube dos mais ricos do mundo pretende oferecer o que chama de “uma cooperação mais estreita”.

A proposta é a de "um diálogo mais profundo – não cortando pontes, reduzindo negociações ou deixando conflitos políticos explícitos sem solução – mas deixando claro que o diálogo entre o mundo árabe de um lado e os países industrializados ocidentais do outro deverá desembocar num processo político comum”, teoriza Alfred Tacke, um dos assessores de Schröder no encontro.

Alta do petróleo: assunto de segunda ordem

Last but not least, os rumos da economia mundial serão também discutidos nas instalações de luxo do hotel Sea Island Resort. A média do crescimento econômico mundial, em torno de 4%, é vista com bons olhos pelos poderosos do planeta, destacando-se aí os índices registrados no Japão e nos EUA, mas também em países como o Brasil e em alguns dos novos membros da União Européia.

É provável que a alta dos preços do petróleo não passe de um tema periférico, pois acredita-se que as oscilações no mercado do combustível não sejam “nada dramáticas”. As intenções da UE de reduzir ou mesmo abolir os subsídios agrários – decisão aguardada com ansiedade por vários países do Terceiro Mundo – e o desenvolvimento de zonas livres de comércio também fazem parte da agenda da conferência.

Mantendo a tradição dos últimos encontros, os chefes de governo da Argélia, Gana, Nigéria, Senegal, África do Sul e Uganda estarão presentes. Do mundo árabe, estarão os premiês turco e afegão, além dos reis de Barein e Jordânia e do presidente iemenita. Os chefes de governo do Egito e da Tunísia recusaram o convite para sentar-se à mesa com a nata da riqueza mundial.