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'Tudo tem que mudar'

1 de abril de 2009

Chefes de Estado e de governo das principais economias do mundo debatem a reforma e o fortalecimento do sistema financeiro internacional. Objetivo é evitar que crises como a atual possam se repetir.

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Grupo quer mais transparênciaFoto: AP / CC_Marcin n_nc

Quatro meses e meio após a primeira cúpula do G20 para debater a crise financeira mundial, realizada em Washington, o grupo das maiores economias industriais e emergentes do mundo volta a se reunir nestas quarta e quinta-feira (01 e 02/04) em Londres.

O objetivo do encontro é definir ações concretas para estabilizar e fortalecer o sistema financeiro mundial de forma duradoura e evitar que uma crise econômica como a atual se repita.

Na mesa de discussão, estão 47 medidas listadas no plano de ação definido em novembro passado em Washington. Elas abrangem desde um eficiente controle mundial sobre os mercados financeiros até regras para bonificação de diretores do alto escalão.

"Todos os mercados, produtos e agentes financeiros, também os fundos de hedge e as agências de rating e outros agentes privados, devem obviamente ser submetidos a controle e regulação. Os detalhes necessários para isso devem ser trabalhados e fazer parte do plano de ação", afirmou a chanceler federal alemã, Angela Merkel, ainda em fevereiro.

Jean-Claude Trichet, Präsident der Europäischen Zentralbank EZB
Para Jean-Claude Trichet, todo o sistema deve ser alteradoFoto: AP

Palavras ainda mais claras foram ditas pelo presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet: "Tudo deve ser modificado". Para ele, a crise mostrou que o sistema financeiro internacional é muito frágil.

Maior controle

Os pontos centrais do plano de ação do G20 se voltam para essas deficiências e impõem aos mercados financeiros uma maior transparência e a obrigatoriedade de prestar contas de suas atividades.

Se depender do G20, pela primeira vez os governos poderão determinar padrões básicos de capital e liquidez para os fundos de hedge, por exemplo – e isso nos países em que esses fundos atuam, não onde têm sua sede.

Muitas das propostas em discussão foram aceitas a contragosto pelos representantes dos Estados Unidos e do Reino Unido, que sempre se mostraram despreocupados diante dos alertas para o perigo de um sistema financeiro sem controle.

Mas, no governo Obama, o secretário do Tesouro, Timothy Geithner, adotou outro discurso. "Os riscos ignoram as fronteiras nacionais. Temos de manter um controle notavelmente mais forte sobre as coisas e impor regras claras para o sistema financeiro internacional. Isso exigirá mudanças amplas em nível nacional e internacional", afirmou.

Propostas

Deutschland Bundeskanzlerin Angela Merkel im Bundestag
Merkel: importante papel dos países emergentesFoto: picture-alliance/ dpa

É nesse contexto que a Alemanha defende com cada vez mais empenho a criação de um assim chamado "mapa mundial de risco". Nele deverá estar exposta a situação de cada um dos agentes e produtos do mercado financeiro global. Em caso de perigo, um claro sinal de alerta deverá ser enviado a todo o sistema.

Essa solução seria complementada por um registro global de créditos, que permitiria aos governos ter uma visão geral dos empréstimos de alto risco concedidos em seus países.

Importante também é o fortalecimento de instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI), que deverá ter um papel decisivo no reconhecimento prévio de possíveis crises. Os europeus defendem ainda que o FMI disponha de 500 bilhões de euros para ajudar países que entrarem em dificuldades.

Ao final do processo iniciado em Washington, afirma Merkel, deverá estar concluída a proposta de reordenação do sistema financeiro e econômico mundial. E esta, na visão da chanceler federal alemã, não pode ser alcançada sem o apoio dos Estados Unidos e de economias emergentes, como China e Índia.

Autor: Henrik Böhme / Alexandre Schossler

Revisão: Rodrigo Rimon Abdelmalack