Cúpula em Deauville
26 de maio de 2011O encontro de dois dias dos chefes de Estado e de governo dos países do chamado G8 começou nesta quinta- feira (26/05) no balneário francês de Deauville, abordando as lições tiradas do desastre nuclear no Japão. Os chefes de governo dos sete principais países industrializados e da Rússia querem, sobretudo, estabelecer normas mais rigorosas de segurança. Existem no mundo todo mais de 400 centrais nucleares.
Outro tema de destaque é a segurança na internet e a luta contra o crime cibernético. O terceiro grande assunto é a democratização nos países árabes. Em função das mudanças no Oriente Médio e no norte da África, o G8 quer se lançar como um parceiro no apoio a uma mudança política na região. Além disso, são previstas conversas em torno da auxílios financeiros e sobre perdão para as dívidas de Egito e Tunísia.
Líder japonês no foco das atenções
Neste encontro de cúpula, os ativistas antiglobalização não têm mesmo chance. Cerca de 12 mil policiais fazem do elegante balneário de Deauville uma fortaleza. Trabalho demais para um fórum onde o anfitrião, Nicolas Sarkozy, queria em princípio discutir com seus colegas do G8 principalmente o futuro da internet. Então veio o terremoto, o tsunami, a catástrofe do reator nuclear no Japão. E, de repente, Naoto Kan, primeiro-ministro do Japão, virou o centro das atenções.
"Quero manifestar minha determinação de que o Japão vai emergir mais forte dessa crise. Isso é o que eu quero deixar claro ao mundo e a meus colegas do G8", declarou o chefe de governo japonês.
Novo comando do FMI é tema paralelo
As usinas nucleares devem se tornar mais seguras. Mas a chanceler federal alemã, Angela Merkel, provavelmente estará sozinha nesta reunião com os seus planos de rápida desativação dos reatores.
Já com relação a outro assunto, que oficialmente não faz parte da agenda, vai ser exatamente o oposto. Quando a chefe de governo alemã elogia Christine Lagarde como uma personalidade extraordinária e experiente, colhe a aprovação unânime dos outros integrantes desse círculo exclusivo. Mesmo quando ela rejeita os argumentos dos países emergentes, que também desejam determinar quem exercerá o comando do Fundo Monetário Internacional
"Na situação atual, em que também temos grandes problemas com o euro, e o FMI está muito envolvido no problema, há razões para seja possível apresentar um candidato europeu", disse Merkel. Por isso, vem bem a calhar que em Deauville 50% do capital do FMI estejam à mesa de discussões. O que significa que 50% dos votos estão representados na cúpula. No que toca o comércio e a renda nacional, o G8 corresponde a dois terços da economia mundial.
Democracia no mundo árabe
Não é de se admirar que muitas pessoas nas nações em transição do Norte da África esperem apoio do clube dos mais ricos para financiar um recomeço. Não apenas Barack Obama tem sempre enfatizado que o mundo está diante de uma oportunidade histórica, através das mudanças nos países do norte africano.
"Depois de décadas em que vínhamos simplesmente aceitando o mundo como ele era naquela região, agora temos a oportunidade de trabalhar rumo a um mundo como ele deve ser", afirmou o presidente dos EUA.
Mas Sarkozy não vai passar o chapéu. Em vez disso, os chefes de governo e de Estado devem discutir como podem ajudar economias como a da Tunísia e a do Egito a se recuperarem. Seguindo o lema de Barack Obama: estes países não precisam apenas de ajuda, mas de comércio, e não apenas de apoio, mas de investimento.
Autor: Andreas Reuter (md)
Revisão: Roselaine Wandscheer