Gerhard Schröder consegue impor-se
1 de junho de 2003Em discurso enérgico na abertura da convenção extraordinária do partido Social Democrata (SPD), neste domingo (01/06), o chanceler federal Gerhard Schröder conclamara seus correligionários a apoiarem os planos de reforma do governo. Na votação realizada à tarde, a Agenda 2010 contou com a aprovação de 90% dos 524 delegados.
Convenção a contragosto —
A convocação da convenção extraordinária não foi uma decisão espontânea dos líderes social-democratas; pelo contrário, eles foram obrigados a fazê-lo, diante da rebelião da base partidária. Gerhard Schröder e o secretário-geral do SPD, Olaf Scholz, haviam esperado em vão conseguir impor o plano de reformas sem grandes debates. Não tinham contado com a resistência, sobretudo da ala esquerda, que acusa o projeto de não ser equilibrado, sobrecarregando os fracos e poupando os fortes da sociedade.Ameaça de renúncia —
O chefe de governo, por sua vez, vinculou repetidas vezes a aprovação do programa de reformas à sua pessoa, ameaçando abertamente renunciar, se o partido lhe recusasse apoio. Rejeitando inicialmente alterar uma vírgula que fosse em seu projeto, Schröder acabou concordando com algumas mudanças depois que a ala esquerda impôs a realização de uma consulta às bases do partido.Há semanas que a Agenda 2010 é o tema mais debatido na Alemanha, tendo ocasionado várias conferências regionais extraordinárias do SPD, nas quais o chefe de governo e presidente do partido esclareceu pessoalmente os planos para a reforma da previdência e do sistema de saúde, pleiteando o apoio dos correligionários.
Ao lado da moção central, contendo a Agenda 2010, foi apresentada por fim aos delegados uma moção secundária com perspectivas, ou seja, temas a serem debatidos pelo partido no futuro e que incluem muitas das idéias da ala esquerda.
Principal obstáculo pela frente —
O resultado da convenção extraordinária proporciona uma folga temporária ao chanceler Schröder. Mas ele ainda tem pela frente o obstáculo principal: o Parlamento, que vai decidir sobre a legislação para a implementação das reformas. A coalizão formada por social-democratas e verdes dispõe de uma maioria de apenas quatro votos no Bundestag. Como os parlamentares não estão vinculados à decisão dos respectivos partidos para votar, a aprovação da Agenda 2010 não é tida como certa, mesmo que a oposição tenha declarado intenção de apoiar o governo.