Pacote conjuntural
19 de dezembro de 2008Um novo pacote de estímulo à economia foi acertado por Angela Merkel e os governadores dos 16 estados alemães, reunidos na última quinta-feira (18/12) em Berlim. A maior parte do programa deverá se dirigir a investimentos estatais em estradas, escolas, universidades e unidades esportivas.
O volume do pacote conjuntural ainda não foi oficialmente anunciado. Mas, segundo informações da revista alemã Der Spiegel, ele deverá girar em torno de 40 bilhões de euros. O governo alemão declarou que os gastos serão financiados através de novas dívidas.
Concomitantemente ao anúncio de Merkel, o presidente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, criticou a relutância da Alemanha em aplicar mais dinheiro para combater os efeitos da crise financeira global.
Pacotes de medidas de ajuda
Strauss-Kahn insistiu que, neste combate, o volume de investimentos alemães deve acompanhar o de outros países da União Européia. "Seria proveitoso se o governo alemão, cuja relutância compreendo muito bem, tomasse um novo passo", introduzindo novas medidas para ajudar a economia, afirmou o chefe do FMI à rede estatal de televisão ZDF. Tais medidas "fazem mais sentido se tomadas ao mesmo tempo por todas as partes", explicou.
Até agora, o governo de coalizão de Merkel anunciou pacotes de medidas de ajuda ao crescimento no volume de 32 bilhões de euros. Merkel também sofreu pressão política para fomentar a economia através de cortes tributários, o que não aconteceu.
Com o novo pacote conjuntural, o governo de Berlim será obrigado a assumir novas dívidas. Para 2009, Angela Merkel anunciou um suplemento orçamentário para o financiamento do novo pacote. "Esta crise financeira nos coloca diante de desafios extraordinários", justificou Merkel.
Endividamento recorde
Merkel salientou, no entanto, que isto não significaria renúncia ao objetivo de um orçamento equilibrado. Em meados da próxima década, os efeitos da inversão da pirâmide demográfica atingirão a Alemanha de forma crescente. "Não devemos sobrecarregar as gerações mais jovens", disse Merkel.
No próximo ano, o governo alemão parte para um novo recorde de endividamento. As novas dívidas de 18,5 bilhões de euros foram previstas pelo orçamento de 2009 sob a condição de que a economia crescesse 0,2%. Especialistas esperam, no entanto, uma desaceleração de 2%.
As perdas de arrecadação tributária e os novos gastos com o seguro desemprego deverão sobrecarregar o governo alemão em 9 bilhões de euros no ano que vem. Acrescente-se a isto as despesas com os pacotes conjunturais.
Volume de encomendas está cada vez menor
Com o novo pacote conjuntural, o governo de Berlim planeja, sobretudo, melhorar a infra-estrutura, afirmou o ministro alemão do Exterior, Frank-Walter Steinmeier. Ao Bundestag, câmara baixa do Parlamento alemão, Steinmeier declarou serem necessários investimentos em eficiência energética e na expansão das redes de internet de banda larga para zonas rurais.
A notícia do novo pacote repercutiu bem na indústria alemã da construção civil, cujo volume de encomendas está cada vez menor, afirmou o presidente da Federação Alemã da Indústria da Construção (BVB), Karl-Heinz Schneider. Principalmente no setor de construção, que no passado foi um dos motores da economia, diversas firmas tiveram que cancelar novos projetos.
Leste e Oeste
Quanto à partilha do novo pacote conjuntural, Merkel garantiu, na quinta-feira, que existirá uma divisão justa entre o Oeste e o Leste (a ex-RDA) da Alemanha. Com esta observação, a chefe de governo alemã quis dar fim a uma polêmica sobre a ajuda estatal aos chamados "novos e antigos estados alemães". A controvérsia se iniciou com uma entrevista em que a chanceler federal declarou que "após quase 20 anos de fomento ao Leste, o Oeste tem agora que ser ajudado por investimento estatais".
Segundo o ministro alemão dos Transportes, Obras e Planejamento Urbano, Wolfgang Tiefensee, o Oeste não teria sido abandonado no passado. A divisão das verbas de programas conjunturais é feita segundo a cota dos estados. "Aqui ninguém é prejudicado", afirmou o responsável por programas de reconstrução da antiga Alemanha Oriental ao jornal Berliner Zeitung.