Governo alemão aumenta fundo de ajuda
30 de dezembro de 2004Enquanto o número de vítimas do maremoto de domingo (26/12) já ultrapassa os 100 mil, o chanceler federal alemão exortou os alemães a fazerem doações para a reconstrução da região afetada pela tragédia.
"A dimensão da catástrofe ultrapassa nossa capacidade de entendimento", salientou Gerhard Schröder, que interrompeu suas férias de Natal para acompanhar de Berlim a coordenação da ajuda alemã.
Mobilizem tudo o que puderem, apelou o chefe de governo aos seus concidadãos, sugerindo que o dinheiro previsto para os tradicionais fogos de artifício seja empregado em doações às vítimas do maremoto.
Schröder adiantou ainda que pretende se engajar pelo perdão das dívidas externas da Indonésia e da Somália. Berlim, que ordenou bandeiras a meio mastro em todo o país, aumentou para 20 milhões de euros o montante da ajuda aos países atingidos pela tragédia. Mais de mil alemães continuam desaparecidos. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, entre os 33 mortos alemães identificados, 26 estavam na Tailândia e sete no Sri Lanka.
Cinco milhões de desabrigados
A Bundeswehr (Forças Armadas) colocou à disposição por tempo indeterminado seus hospitais de campanha e equipamentos para água potável. Para a noite desta quinta-feira estava prevista a aterrissagem, na Alemanha, do primeiro avião-hospital militar trazendo feridos alemães da península tailandesa de Pukhet. Segundo o Ministério da Defesa, outros vôos deste tipo estão previstos.
A Cruz Vermelha alemã parte do princípio de que sua missão de ajuda na região vai durar vários anos. As ondas gigantescas deixaram até cinco milhões de desabrigados, anunciaram fontes da Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta quinta-feira (30/12). Nas localidades atingidas, faltam médicos, há ameaças de epidemias e diversos lugarejos continuam isolados.
A ministra alemã de Cooperação Econômica, Heidemarie Wieczorek-Zeul, sugeriu uma conferência de países doadores o mais rápido possível. "Na região são necessitadas somas no valor de milhões", salientou. Para o dia 7 de janeiro foi marcada em Bruxelas um encontro informal dos ministros de Cooperação Econômica da União Européia para discutir a coordenação da ajuda, a reconstrução da área afetada e a instalação de sistemas de advertência de catástrofes.
Alarme de maremoto gera pânico
A advertência, nesta quinta-feira, do ministério indiano do Interior de que um novo tsunami atingiria o litoral do Sul e Sudeste Asiático causou pânico principalmente na Índia e no Sri Lanka. A advertência, que prossegue até sábado, foi baseada em supostas informações de cientistas estrangeiros sobre um eventual forte tremor na costa australiana. Até a noite de quinta-feira, no entanto, não houve indícios de um novo tremor de terra.
Aos moradores da região afetada na costa da Índia foi pedido que se refugiassem a dois quilômetros do litoral. Mesmo que as autoridades apelassem não haver motivos para pânico, as pessoas fugiram desesperadamente ou subiram em telhados e árvores. No Sri Lanka, as reações desesperadas impediram o trabalho das equipes de resgate.
Uma repórter da emissora de notícias NDTV disse em Port Blair, capital do grupo de ilhas Andaman e Nicobar (pertencentes à Índia), citou um "pânico enorme e incrível", com pessoas chorando pela rua.
Tragédia não afeta turismo a longo prazoO setor de turismo da Alemanha não conta com conseqüências econômicas negativas de longo prazo, em decorrência da catástrofe no sul da Ásia. Segundo a Associação Alemã das Empresas de Turismo, atos de terrorismo, distúrbios políticos e catástrofes naturais são, de fato, fatores negativos para a evolução dos negócios, mas seus efeitos são apenas temporários, conforme demonstra a experiências dos anos passados. A entidade acredita que dentro de um ano quase todas as instalações destruídas pelo tsunami já estarão reconstruídas e em pleno funcionamento.
Também a maior operadora alemã, a TUI, conta com um aumento dos gastos no corrente ano, mas não vê a tragédia como uma sobrecarga de longo prazo para os seus cofres. A TUI tinha cerca de dois mil clientes em férias na região atingida pela catástrofe, entre os quais 800 alemães. As viagens para áreas de veraneio do Oceano Índico representam apenas cerca de 1% dos negócios da TUI.