Coalizão e oposição
20 de agosto de 2007Anúncio
Próximo da metade do governo da grande coalizão, já foram aprovados quase todos os grandes pontos estipulados no contrato de coalizão entre CDU/CSU e SPD, entre eles a elevação da idade de aposentadoria para 67 anos e o aumento do Imposto sobre Valor Agregado (IVA).
Parte das reformas que ainda estão por vir serão discutidas esta semana, durante a reunião da chanceler federal Angela Merkel e de seu grupo de ministros no castelo de Meseberg, nas proximidades de Berlim. Mas é possível antecipar alguns dos principais assuntos do "segundo tempo" do governo da grande coalizão.
Meio ambiente
A segunda parte da reforma federalista, regulamentando a divisão de receitas entre União e estados, e as controversas medidas de proteção climáticas deverão ser importantes pontos a ocuparem a segunda metade da legislatura de Merkel.
No encontro de Meseberg, o ministro do Meio Ambiente, Sigmar Gabriel, apresentará o seu "plano de energia e proteção climática", o mais amplo da história da Alemanha, de acordo com declaração do ministro à rádio Deutschland Funk. Segundo Gabriel, só em 2008 a Alemanha deverá aplicar 2,6 bilhões de euros em medidas de proteção do clima.
Antes mesmo de apresentado, o plano já gerou críticas do Ministério da Economia, para quem sua implementação custaria cerca de 70 bilhões de euros.
Ofensiva na educação
Além de combater a escassez de mão-de-obra especializada através de uma "ofensiva nacional de educação", o governo de coalizão entre social-democratas, democrata-cristãos e social-cristãos deverá empreender, na área econômica, medidas para proteger empresas alemãs de serem compradas por fundos estrangeiros "indesejáveis", como fundos estatais russos e chineses.
Entre as reformas passíveis de serem reformadas está, sobretudo, a do mercado de trabalho, batizada de Hartz 4, seguindo o nome de seu criador, Peter Hartz. Tudo indica que, a exemplo das versões anteriores do projeto, o Hartz 4 também será revisto. Discute-se, principalmente, uma elevação do seguro-desemprego.
Outro tema que provocará muita discussão no próximo ano é a privatização da rede ferroviária alemã, a Deutsche Bahn. Um projeto de lei prevendo a privatização já tramita no Parlamento alemão.
Polêmico também é o financiamento do Transrapid, o trem magnético de alta velocidade. O SPD é contra uma grande participação do governo federal no projeto. O governo da Baviera, que é da CSU, defende que Transrapid receba verbas federais, além das estaduais.
Como anda a oposição?
Contra a maioria de dois terços da grande coalizão no Parlamento, os partidos de oposição – Partido Verde, Partido Liberal (FDP) e Partido de Esquerda – pouco podem fazer. Nada resta a líderes, como Guido Westerwelle, do FDP, a não ser o ataque.
Principalmente a CDU/CSU é atacada por Westerwelle. A doutrina puramente liberal, defendida por Westerwelle no Parlamento, já atraiu democrata-cristãos decepcionados com a "social-democratização" de seu partido, que em sua opinião estaria indo longe demais.
Para Oskar Lafontaine, chefe do Partido de Esquerda, o inimigo se chama a política trabalhista dos social-democratas. Desde a fundação do novo partido e o sucesso nas eleições estaduais de Bremen, que fizeram o Partido de Esquerda entrar no Parlamento da cidade-Estado, o ataque aos antigos companheiros do SPD é a principal arma de Lafontaine.
E os Verdes?
Diferentemente do Partido Liberal e do Partido de Esquerda, os temas escolhidos pelos Verdes não fazem deles, realmente, um partido de oposição. O próprio governo de coalizão já assumiu temas como a política de proteção climática e a desistência da energia atômica. "Talvez o fato de ter feito parte do governo não nos facilita a vida", comentou Renate Künast, líder da bancada dos Verdes no Parlamento.
Além disso, em sua edição do último domingo, o jornal Welt am Sonntag afirma que os novos Verdes se apresentariam agora como "melhores conservadores", afirmando que a tríade "Fé, Família e Pátria" estaria, nos Verdes, mais bem resguardada.
Se, há 25 anos, o partido ecológico se considerava "longe da religião", agora os Verdes seriam "melhores cristãos": a cooperação com a Igreja na ajuda ao Terceiro Mundo, controle de pesquisas de células embrionárias, estímulo a famílias com grande número de crianças, proteção dos parques e de termelétricas nacionais seriam temas que ocupariam o novo discurso político dos Verdes, afirma o jornal. (ca)
Parte das reformas que ainda estão por vir serão discutidas esta semana, durante a reunião da chanceler federal Angela Merkel e de seu grupo de ministros no castelo de Meseberg, nas proximidades de Berlim. Mas é possível antecipar alguns dos principais assuntos do "segundo tempo" do governo da grande coalizão.
Meio ambiente
A segunda parte da reforma federalista, regulamentando a divisão de receitas entre União e estados, e as controversas medidas de proteção climáticas deverão ser importantes pontos a ocuparem a segunda metade da legislatura de Merkel.
No encontro de Meseberg, o ministro do Meio Ambiente, Sigmar Gabriel, apresentará o seu "plano de energia e proteção climática", o mais amplo da história da Alemanha, de acordo com declaração do ministro à rádio Deutschland Funk. Segundo Gabriel, só em 2008 a Alemanha deverá aplicar 2,6 bilhões de euros em medidas de proteção do clima.
Antes mesmo de apresentado, o plano já gerou críticas do Ministério da Economia, para quem sua implementação custaria cerca de 70 bilhões de euros.
Ofensiva na educação
Além de combater a escassez de mão-de-obra especializada através de uma "ofensiva nacional de educação", o governo de coalizão entre social-democratas, democrata-cristãos e social-cristãos deverá empreender, na área econômica, medidas para proteger empresas alemãs de serem compradas por fundos estrangeiros "indesejáveis", como fundos estatais russos e chineses.
Entre as reformas passíveis de serem reformadas está, sobretudo, a do mercado de trabalho, batizada de Hartz 4, seguindo o nome de seu criador, Peter Hartz. Tudo indica que, a exemplo das versões anteriores do projeto, o Hartz 4 também será revisto. Discute-se, principalmente, uma elevação do seguro-desemprego.
Outro tema que provocará muita discussão no próximo ano é a privatização da rede ferroviária alemã, a Deutsche Bahn. Um projeto de lei prevendo a privatização já tramita no Parlamento alemão.
Polêmico também é o financiamento do Transrapid, o trem magnético de alta velocidade. O SPD é contra uma grande participação do governo federal no projeto. O governo da Baviera, que é da CSU, defende que Transrapid receba verbas federais, além das estaduais.
Como anda a oposição?
Contra a maioria de dois terços da grande coalizão no Parlamento, os partidos de oposição – Partido Verde, Partido Liberal (FDP) e Partido de Esquerda – pouco podem fazer. Nada resta a líderes, como Guido Westerwelle, do FDP, a não ser o ataque.
Principalmente a CDU/CSU é atacada por Westerwelle. A doutrina puramente liberal, defendida por Westerwelle no Parlamento, já atraiu democrata-cristãos decepcionados com a "social-democratização" de seu partido, que em sua opinião estaria indo longe demais.
Para Oskar Lafontaine, chefe do Partido de Esquerda, o inimigo se chama a política trabalhista dos social-democratas. Desde a fundação do novo partido e o sucesso nas eleições estaduais de Bremen, que fizeram o Partido de Esquerda entrar no Parlamento da cidade-Estado, o ataque aos antigos companheiros do SPD é a principal arma de Lafontaine.
E os Verdes?
Diferentemente do Partido Liberal e do Partido de Esquerda, os temas escolhidos pelos Verdes não fazem deles, realmente, um partido de oposição. O próprio governo de coalizão já assumiu temas como a política de proteção climática e a desistência da energia atômica. "Talvez o fato de ter feito parte do governo não nos facilita a vida", comentou Renate Künast, líder da bancada dos Verdes no Parlamento.
Além disso, em sua edição do último domingo, o jornal Welt am Sonntag afirma que os novos Verdes se apresentariam agora como "melhores conservadores", afirmando que a tríade "Fé, Família e Pátria" estaria, nos Verdes, mais bem resguardada.
Se, há 25 anos, o partido ecológico se considerava "longe da religião", agora os Verdes seriam "melhores cristãos": a cooperação com a Igreja na ajuda ao Terceiro Mundo, controle de pesquisas de células embrionárias, estímulo a famílias com grande número de crianças, proteção dos parques e de termelétricas nacionais seriam temas que ocupariam o novo discurso político dos Verdes, afirma o jornal. (ca)
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