Governo do Japão quer reativar usinas nucleares
28 de dezembro de 2012O recém-empossado governo japonês quer reverter o projeto de abandono da energia nuclear do país. O ministro da Indústria do Japão, Toshimisu Motegi, afirmou que vai rever o plano do governo anterior, que previa o desligamento de todas as usinas atômicas japonesas até o ano 2040.
O premiê do Japão, Shinzo Abe, pretende reativar paulatinamente os reatores nucleares do país, se forem declarados seguros pela agência reguladora nuclear nacional. Abe, que assumiu a chefia de governo nesta quarta-feira (26/12), já havia prometido reativar as centrais nucleares durante sua campanha eleitoral, apesar da catástrofe de Fukushima. O político conservador, líder do Partido Liberal Democrata (LDP), alega que, por motivos econômicos, o Japão não pode abrir mão da energia atômica.
Avaliações
A usina nuclear de Fukushima foi atingida em março de 2011 por um terremoto e um consequente tsunami, que causaram o pior acidente nuclear desde o de Tchernobil, em 1986. Cerca de 160 mil pessoas tiveram que deixar suas casas, muitas delas provavelmente nunca mais poderão retornar.
O ministro Toshimisu Motegi afirmou que a antes da reativação, as centrais nucleares deverão passar por avaliações para atestar a segurança dos reatores com base em evidências científicas. A construção de novos reatores não foi descartada.
O político garantiu que a decisão sobre a construção de novas unidades atômicas será tomada com base em estudos realizados por especialistas. Ao mesmo tempo, o ministro anunciou a expansão de projetos envolvendo energias renováveis.
Medo de apagão
O Japão, pobre em recursos naturais, teme que a eliminação da energia nuclear leve a interrupções maciças no fornecimento de energia. Defensores da energia nuclear afirmam que um fornecimento baseado em fontes alternativas de energia não pode ser garantido até 2040. Atualmente, apenas dois dos 50 reatores nucleares do Japão estão em funcionamento. Todos os outros foram desligados, até as avaliações de segurança estarem encerradas.
A operadora da usina de Fukushima, Tepco, recentemente citou a falta de consciência pela segurança e "maus hábitos" como razões para o desastre nuclear. Nesta semana, a empresa pediu mais de 6 bilhões de euros em ajuda adicional do Estado para indenizar as vítimas. Os pagamentos de reparações já ultrapassam, assim, os 28 bilhões de euros. A Tepco justificou o pedido afirmando ter que indenizar mais pessoas do que o previsto anteriormente.
MD/afp,rtr
Revisão: Augusto Valente