Grupos pró e contra Lula entram em confronto em São Paulo
17 de fevereiro de 2016Grupos pró e contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva entraram em confronto na manhã desta quarta-feira (17/02) em frente ao Fórum da Barra Funda, em São Paulo. Vídeos mostram que manifestantes chegaram a atirar garrafas, frutas, ovos e fogos de artifício uns nos outros. A tropa de choque da Polícia Militar interveio e se posicionou entre os grupos para acalmar os ânimos.
Lula era esperado no local para prestar um depoimento, mas a convocação do ex-presidente foi suspensa na noite desta terça-feira, depois de uma decisão liminar do CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público). Mesmo com a suspensão, os grupos contrários e favoráveis ao ex-presidente resolveram manter as manifestações, já previstas.
De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, a tensão entre os dois grupos se acirrou por volta de 11h, quando manifestantes dos movimentos Nas Ruas e Revoltados Online tentaram inflar o Pixuleco, o boneco inflável gigante de Lula vestido de presidiário que já apareceu em várias manifestações contra o PT pelo país.
Alguns manifestantes favoráveis ao ex-presidente atiraram fogos de artifício e tentaram furar o boneco. O confronto só terminou após a PM lançar bombas de gás lacrimogêneo e separar as facções. Uma mulher do grupo pró-Lula ficou ferida após levar uma pedrada na cabeça. E um homem do mesmo grupo foi preso por agressão.
O grupo favorável a Lula reuniu dezenas de membros do PT e da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Do lado contrário, havia membros do Revoltados Online e do Movimento Brasil Livre (MBL). Vários manifestantes estenderam faixas com elogios à Polícia Militar e ao juiz Sérgio Moro.
O ex-presidente Lula e sua mulher, Marisa Letícia, foram convocados pelo Ministério Público em São Paulo para darem explicações sobre um apartamento triplex no Guarujá, no litoral do Estado.
A promotoria investiga se o casal é proprietário do imóvel, que passou por uma série de reformas bancadas pela empreiteira OAS, que também foi responsável pela conclusão das obras do edifício. A suspeita do Ministério Público é que o casal pode ter cometido crime de ocultação de patrimônio, uma forma de lavagem de dinheiro.
No total, a empreiteira gastou 700 mil reais em melhorias no triplex, entre elas a instalação de um elevador privativo. A defesa de Lula e Marisa nega que o casal seja proprietário do imóvel e afirma que ambos só chegaram a possuir uma cota de outro imóvel no edifício, mas que desistiram da compra.
Em nota divulgada no final do mês passado, o Instituto Lula disse que "são infundadas as suspeitas do Ministério Público de São Paulo e são levianas as acusações de suposta ocultação de patrimônio por parte do ex-presidente Lula ou seus familiares".
A liminar que suspendeu o depoimento atendeu um pedido apresentado pelo deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que invocou a violação do princípio do promotor natural, apontando que a ação original relativa à Bancoop, a cooperativa que iniciou as obras do edifício no Guarujá, estava em uma vara diferente da do promotor que convocou Lula. A liminar vai valer até que o plenário do CNMP julgue o caso.