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Grécia sai de negociações com acordo ainda mais rígido

13 de julho de 2015

Apesar de maioria dos gregos ter dito "não" à austeridade em referendo, nova ajuda financeira a Atenas prevê termos em parte ainda mais duros do que os que haviam sido rejeitados. Tsipras diz que pacto é positivo.

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Griechenland Referendum
Foto: Reuters/M. Djurica

Uma semana após mais de 60% dos eleitores gregos terem rejeitado num referendo a austeridade imposta pelos credores internacionais à Grécia, um novo acordo aprovado nesta segunda-feira (13/07) prevê medidas ainda mais rígidas para o país.

O primeiro-ministro Alexis Tsipras cedeu em diversos pontos, concordando com medidas radicais, incluindo o corte de gastos públicos, o aumento de impostos e reformas previdenciárias. O líder grego também se comprometeu a aprovar amplas reformas para o mercado de trabalho e a vender ativos estatais.

Antes do referendo, as exigências dos credores internacionais – rejeitadas pela população – incluíam a ampliação do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) e uma redução na quantidade de pessoas que têm direito a aposentadoria antecipada, por exemplo.

Agora, tanto um aumento do IVA e uma ampliação da base de cobrança quanto reformas no sistema de aposentadorias estão previstas no acordo sobre o terceiro pacote de resgate à Grécia, aprovado nesta segunda-feira.

Uma das maiores concessões de Tsipras é a promessa de colocar num fundo independente 50 bilhões de euros, provenientes de títulos estatais, para pagar a dívida do país. No fundo, administrado pela Grécia sob supervisão dos credores europeus, os ativos serão rentabilizados através de privatizações e outros meios.

Analistas manifestaram ceticismo diante da proposta. "A meta de privatização parece extremamente ambiciosa para uma economia que ainda está imersa na pior depressão de sua história moderna", afirma Diego Iscaro, da consultoria IHS.

Para Charles Wyplosz, professor de Economia Internacional no Instituto de Graduação em Estudos Internacionais e de Desenvolvimento, em Genebra, criar o fundo independente é uma manobra "extraordinariamente intrusiva". "O que eles vão fazer? Privatizar os monumentos históricos?"

Tsipras também disse que aceitaria um papel maior do Fundo Monetário Internacional (FMI) no novo pacote de resgate, cujo valor pode chegar a 86 bilhões de euros. Tal concessão foi uma demanda-chave da Alemanha, que a vincula ao apoio do Parlamento alemão.

Além disso, segundo o acordo, será necessária consulta prévia com as instituições europeias para qualquer lei que Atenas queira aprovar em "áreas relevantes".

Sobrevivência política em jogo

Apesar de analistas afirmarem que os termos do novo acordo, que agora o Parlamento grego deverá aprovar, são mais rígidos em alguns aspectos do que aqueles que os gregos rejeitaram no referendo, Tsipras insiste que se trata de algo positivo para a Grécia.

"Travamos uma batalha justa até o fim", disse o premiê, afirmando que o acordo deve aliviar o peso da dívida sobre a Grécia e reavivar o sistema bancário do país. "A grande maioria da população grega vai apoiar este esforço."

Tsipras conquistou apoio no próprio país após o "não" que ele defendia ter vencido no referendo, recebendo o consentimento dos legisladores gregos no último sábado para negociar um terceiro pacote de resgate ao país. Para impor o acordo em casa, o premiê pode enfrentar resistência dentro da própria coalizão.

O site de tendência esquerdista Iskra, alinhado à visão do ministro da Energia grego, Panagiotis Lafazanis, principal oponente de Tsipras no Syriza, criticou a manobra do premiê.

"Após 17 horas de negociações, os líderes dos países da zona do euro alcançaram um acordo humilhante para a Grécia e para o povo grego", disse o site, afirmando que o país se tornaria uma "colônia da dívida" numa "UE supervisionada pela Alemanha".

Após sacrificar a maior parte de suas promessas de campanha, a sobrevivência política de Tsipras pode estar em jogo, apesar de sua popularidade. O ministro do Trabalho, Panos Skourletis, ex-porta-voz de Tsipras, previu nesta segunda-feira que o governo perderá a maioria no Parlamento e terá de convocar novas eleições ainda neste ano.

LPF/dpa/afp/rtr