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'Minha Luta': edição crítica

6 de agosto de 2009

Objetivo é preparar uma edição com rigor científico do escrito-chave do nazismo antes que os direitos caiam em domínio público no final de 2015. Conselho Central dos Judeus na Alemanha apoia iniciativa.

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Foto: dpa

Na Alemanha, o Conselho Central dos Judeus apoia o Instituto de História Contemporânea, de Munique, na controvérsia em torno da publicação de uma edição comentada de Minha Luta (Mein Kampf), livro escrito por Adolf Hitler.

O secretário-geral do conselho, Stephan Kramer, declarou que considera sensato e importante fazer uma edição científica comentada do livro, apesar das reservas daqueles que se opõem a uma publicação por respeito aos sobreviventes do Holocausto.

A Secretaria de Finanças do estado da Baviera, que detém os direitos autorais de Minha Luta, sempre rejeitou uma reedição do livro. No entanto, os direitos cairão em domínio público após 31 de dezembro de 2015, passados 70 anos da morte de Hitler.

Pesquisadores devem agir antes de "negociatas neonazistas"

Kramer considera importante começar a preparar agora uma edição histórico-crítica bem fundamentada, sobretudo para evitar que o livro se torne objeto de "negociatas neonazistas" no futuro. Historiadores consideram uma lacuna a inexistência de uma reedição cuidadosa acompanhada de comentários.

Adolf Hitler, Mein Kampf nebst antisemitischer Schriften
'Minha Luta' era apenas um dos escritos antissemitas do nazismoFoto: AP

Esse é o projeto que o Instituto de História Contemporânea, fundado em 1949, pretende realizar nos próximos seis anos. O instituto de pesquisa já está em negociação com o governo estadual da Baviera, em "um diálogo construtivo sobre as vantagens e desvantagens de uma edição crítica" de Minha Luta.

Um dos argumentos frequentemente usados contra uma publicação é o temor de que ela venha a representar um sinal errado da Alemanha para o mundo. Afinal, o livro de Hitler, publicado em 1924, é considerado um documento-chave do nazismo.

Por outro lado, o instituto de pesquisa de Munique argumenta que uma edição histórico-crítica supriria uma lacuna importante. Mesmo sem dispor de uma autorização de publicação, o instituto já deu início aos trabalhos preliminares. Os historiadores confirmam que uma edição bem fundada de Minha Luta requer "investigações trabalhosas".

Resistência à publicação diminui

Mesmo que a venda de edições usadas do livro de Hitler não seja proibida na Alemanha, falta uma reedição comentada com embasamento científico. Para o historiador Ulrich Herbert, a recusa da Secretaria das Finanças da Baviera em ceder os direitos de Minha Luta para publicação lembra "o antifascismo rançoso dos anos 50".

Nesse sentido, já há – no entanto – sinais de flexibilidade por parte dos políticos. O secretário estadual bávaro de Ciência e Pesquisa, Wolfgang Heubisch, do Partido Liberal, é a favor da reedição da obra pelo Instituto de História Contemporânea.

Para o historiador Eberhard Jäckel, especialista em Holocausto, isso é um sinal de que as coisas estão mudando. Ele afirma ter reivindicado há anos uma edição de Minha Luta e diz se lembrar de que o instituto de pesquisa de Munique rejeitou a ideia na época. Este, por sua vez, refutou a acusação de omissão, qualificando-a como infundada.

Assim como o secretário-geral do Conselho Central dos Judeus, o secretário estadual bávaro é favorável à publicação de Minha Luta por considerar um perigo "o que charlatões e neonazistas poderão vir a fazer com essa obra vergonhosa quando os direitos caírem em domínio público".

SL/dpa/epd/ap
Revisão: Alexandre Schossler