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Eleições no Brasil

30 de agosto de 2010

Imprensa europeia destaca longa experiência política do candidato de oposição, e tenta explicar mau desempenho de José Serra na campanha eleitoral. Para ingleses, Serra ainda pode virar o jogo.

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José Serra, do Partido da Social Democracia BrasileiraFoto: AP

Para muitos jornais europeus, o passado político de José Serra não passa despercebido. O candidato do PSDB a presidente do Brasil é visto como um bem-sucedido ex-ministro da Saúde, um respeitado e competente ex-governador do estado de São Paulo. "Para esse homem, enfrentar e derrotar um adversário político novato parecia uma aposta razoável", avalia o jornal francês Le Monde.

Mas o desenrolar da campanha eleitoral colocou Serra, de 68 anos, numa situação adversa, como lembra a publicação, que reproduz a opinião de um eleitor do Nordeste brasileiro dada a uma revista: "Se Lula apoiasse Serra, eu votaria no Serra."

Para o Le Monde, o candidato não tem mais chances – e, mais uma vez, sua derrota é causada por Lula. "Esta campanha é sua última chance de se tornar presidente, um objetivo para o qual, segundo disse, 'se preparou a vida inteira'. E mais uma vez Lula e Dilma Rousseff o impedem de alcançá-lo", escreve o jornal francês sobre José Serra.

Críticas moderadas

O diário alemão Süddeutsche Zeitung é mais comedido ao noticiar a disputa presidencial no Brasil. Sobre Serra, destaca o lema do candidato – "O Brasil pode mais" – e as críticas que ele faz contra alguns pontos da política de Lula, como a proximidade com Irã, Cuba e Venezuela.

"Ele acredita ser o Estado", reproduz o jornal a fala de Serra sobre algumas decisões do presidente. A publicação, no entanto, afirma que o candidato da oposição não pode endurecer o tom, já que o bom momento da economia brasileira deu muita popularidade a Lula.

Crise anunciada

Por outro lado, o jornal suíço Neue Zürcher Zeitung julga que Serra faz um grande esforço para se aproximar da imagem do presidente Lula. A tática, segundo a publicação, é vista como uma fraqueza do candidato da oposição.

A chance de vitória é "atualmente menor do que nunca", prossegue o jornal, segundo o qual a oposição poderá sofrer uma derrota histórica. "O clima no comitê de Serra é tenso. Alguns aliados já tentam minimizar os danos e se afastam do candidato. Parece que já há um resultado preliminar da campanha presidencial", arrisca o Neue Zürcher Zeitung.

Ainda há esperança

A publicação inglesa The Economist acompanha de perto o panorama da política brasileira. A revista reconhece que, na teoria, José Serra seria capaz de vencer a eleição, "afinal já desempenhou diversos cargos políticos em uma carreira longa e bem-sucedida". Mas a verdade é que Serra está se esforçando para continuar na corrida até 3 de outubro.

The Economist ressalta que Serra é conhecido por sua atuação no governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), que, "apesar de ter obtido algumas conquistas sólidas, é lembrado sem ternura pelos brasileiros".

A revista inglesa é um pouco mais relutante quando tenta prever o resultado das eleições presidenciais. A publicação afirma que a liderança de Rousseff ainda não é "incontestável". Na visão do semanário, Serra pode ter uma chance se houver um segundo turno. "E, no Brasil, há sempre a possibilidade de um escândalo ou um tropeço."

Autora: Nádia Pontes
Revisão: Roselaine Wandscheer