Inglês: língua franca no local de trabalho
13 de dezembro de 2005O mundo fala inglês. Em especial: o mundo dos negócios. Desde que começou a editar um número considerável de livros em inglês a partir de 1999, a editora Bertelsmann adotou a língua como ferramenta de comunicação interna.
Outras empresas seguiram o exemplo: a fusão do HypoVereinsbank com o Unicredito da Itália, em novembro de 2005, alterou também a forma de falar. O alemão e o italiano foram substituídos pelo inglês, que é, agora, a língua oficial entre os funcionários.
O preço da Torre de Babel
Fusões, globalização, compradores ou vendedores internacionais. Quase todos os acontecimentos da modernidade fazem com que firmas optem pela unificação do idioma. E a escolha recai no inglês. O motivo: ambientes multilingües são caros demais. Intérpretes tornam-se indispensáveis nas negociações verbais, assim como tradutores para a comunicação escrita.
"Isso logo se torna um fator de custo", diz o especialista Jürgen Hausschildt, "e apesar das traduções, sempre ocorrem mal-entendidos". Os jargões internos da firma são especialmente são difícieis de ser traduzir. Com a unificação do idioma, tais problemas poderiam ser evitados e os custos reduzidos.
Contuda a política a ser adotada varia de caso para caso, diz Hausschildt: "Em empresas de países pequenos como Noruega, Dinamarca e Holanda, geralmente só se fala inglês. Estas deixaram a língua nacional totalmente de lado", esclarece.
Mas na maioria das firmas impera a cultura bilingüe. Um exemplo é o Deutsche Bank, onde assuntos internacionais são tratados em inglês, e os nacionais, em alemão. A Siemens adota procedimento semelhante. Conforme o porta-voz da empresa, Georg Haux, "embora seja global, a Siemens nos Estados Unidos utiliza o inglês, na França, o francês e na Índia, o hindu".
Temor dos funcionários
O que parece positivo para as empresas é um elemento que provoca insegurança entre os funcionários. "Na designação para altos cargos, os que têm o inglês como língua materna serão preferidos na maioria dos casos", comenta Jürgen Hausschildt. "Geralmente se pressupõe conhecimento técnico por trás do lingüístico."
Além disso, muitos funcionários se sentem limitados em seu potencial. Segundo Hausschildt, "pessoas que possuem um grande vocabulário em sua língua materna e sabem se expressar com segurança estilística perdem esses soft skills no idioma estrangeiro. Para alguém em situação de liderança, é uma situação terrível".
Solução: inglês básico
O especialista salienta que, no início, a adaptação a uma nova língua é também para a empresa um certo investimento de tempo: "As reuniões demoram mais porque é preciso que tudo seja repetido para que se tenha certeza do que foi dito", comenta Hausschildt.
Para fomentar o domínio lingüístico, algumas firmas recorrem a um inglês simples, o chamado basic English. Esse permite se expressar com um vocabulário entre 400 e 800 palavras. Em muitos locais de trabalho, o basic English é obrigatório: "Com ele. até um operário consegue se comunicar no estrangeiro", informa.