Internet tornou mais complexo papel dos educadores
24 de novembro de 2012Todo o mundo já passou por isso: a pessoa se senta diante do computador, lê algo, clica aqui e ali, e já se passaram duas horas, senão três ou quatro. Afinal, há tantas opções interessantes na internet, e muitas delas são instrutivas, sem dúvida.
Entretanto, quando se trata dos filhos, a opinião é unânime: o tempo na internet deve ser limitado, 20 minutos por dia ou mais, dependendo da idade. A forma de lidar com a rede é algo que precisa ser aprendido. E não só pelas crianças, como também pelos adultos, pois educar significa, em grande parte, vivenciar aquilo que se postula.
Responsabilidade própria
"Educação digital deve começar cedo", diz Kristin Langer, pedagoga especializada em meios de comunicação. "A melhor idade é a partir dos quatro ou cinco anos." Ela é consultora da iniciativa Schau Hin! do Ministério alemão da Família, Idosos, Mulheres e Jovens. O projeto existe desde 2003, e tem o objetivo de ajudar os profissionais da educação e os pais a se orientarem no mundo das novas mídias.
Langer percebeu que muitas vezes os pais ficam divididos. De um lado, há o medo de que as crianças fiquem sobrecarregadas com tantas informações; mas do outro, está a preocupação de que fiquem desconectadas do mundo digital. A pedagoga reforça a importância do exemplo. "Os pais só podem exigir dos filhos aquilo que parte deles mesmos. Preciso ter, para mim, princípios sobre como lidar com o que me é oferecido. Isso significa estabelecer limites para mim mesma, também."
Esses princípios ficaram ainda mais importantes desde que os smartphones entraram na vida familiar. Segundo um estudo da Associação de Pesquisa em Pedagogia dos Meios de Comunicação Sudoeste (MPFS, na sigla alemã), 50% dos jovens entre os 12 aos 19 anos de idade possui um desses aparelhos e, portanto, acesso móvel à internet.
Nesse caso, o esclarecimento é fundamental. "É importante deixar claro para as crianças: os meios digitais existem, e isso é bom, porém que o mundo também é feito de outras coisas", explica Langer. Quanto maiores as crianças, mais senso de responsabilidade própria devem desenvolver. Por isso, é importante começar cedo. "Pais e filhos podem procurar, juntos, possibilidades para definir: isso é bom para mim, isso não é. Assim, a própria criança pode decidir, por si mesma, se é contra ou a favor de algo."
Educação ficou mais complexa
Para poder acompanhar os filhos no mundo digital, os pais têm que, forçosamente, se confrontar com o tema. Existem máquinas de busca especiais para crianças, uma grande oferta de páginas de orientação pedagógica, esclarecendo pais e filhos sobre as vantagens e armadilhas da internet.
Da mesma forma, há programas de proteção à juventude que bloqueiam determinados sites. No entanto, à medida que crescem, os mais espertos entre os jovens usuários vão aprendendo a contornar essas barreiras. "A coisa se torna até uma forma de esporte", aponta Langer, retornando, assim, ao tema responsabilidade própria.
Proibir de nada adianta – disso está seguro Thomas Heine, do projeto Internet-Fuehrerschein.de, que pleiteia uma espécie de "carteira de motorista" para a rede. Em algumas questões, o papel dos educadores tornou-se mais complexo, acredita ele. Um exemplo são as bases legais para a utilização da internet. "Esse é um novo fator que foi acrescentado à educação, e que muitos pais desconhecem."
Em parceria com a federação das escolas superiores abertas da Alemanha DVV, ele fundou uma "oficina da internet". O curso para adultos e famílias é oferecido desde 2011 em 700 das "universidades populares" do país. Entre os temas tratados estão online banking, segurança, redes sociais, questões jurídicas ou competência infonáutica para pais e responsáveis.
Escolas têm papel importante
Como nem todas as famílias possuem as mesmas condições de informar corretamente seus filhos sobre os perigos da internet, o papel das escolas é fundamental. No Ginásio Heinrich Mann de Colônia, por exemplo, o tema pesquisa na internet faz parte do currículo. "Não consta das diretrizes escolares, mas surgiu a partir da prática de sala de aula", conta Hans-Peter Koenen, professor de Matemática e Informática.
Durante as aulas, os alunos aprendem a manusear certos programas de computador e a utilizar a rede da escola. Não existe a matéria "educação para a internet", porém temas como bullying ou privacidade na internet são discutidos nas aulas dedicadas à coesão social das classes.
Autora: Petra Lambeck (cn)
Revisão: Augusto Valente