Israel dissolve Parlamento e antecipa eleições
16 de outubro de 2012A maioria do parlamento israelense votou na noite desta segunda-feira (15/10) por sua própria dissolução e, assim, abriu caminho para a realização de novas eleições legislativas no dia 22 de janeiro de 2013. Inicialmente, as eleições estavam previstas para outubro.
A campanha eleitoral deve ser dominada por dois temas centrais: o conflito nuclear Israel-Irã e os gastos sociais do país.
No parlamento, a briga acerca do conflito nuclear com o Irã já deu o tom nos discursos. O presidente de Israel, Shimon Peres, disse que a liderança de Teerã é "um perigo grande e imediato para todo o mundo, não só para Israel".
"Todas as opções, incluindo a militar, devem estar sobre a mesa para que o Irã entenda a seriedade da situação", disse Peres.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que "quem não leva a sério a ameaça que representa o armamento nuclear do Irã não tem direito de governar Israel nem por um dia".
As novas sanções contra Teerã, decididas também nesta segunda-feira pela União Europeia, teriam sido avaliadas como mais rigorosas do que nunca pelo premiê israelense. "Hoje em dia temos possibilidades de atuar contra o Irã e seus aliados que não tínhamos antes", afirmou Netanyahu.
O atual primeiro-ministro é considerado o claro favorito para as eleições antecipadas. Analistas calculam que sua coalizão de centro-direita, favorável à política de assentamentos, poderia aumentar sua presença de 66 para 68 assentos no parlamento. Desta forma, a coalizão de Netanyahu - que já possui a maioria das 120 cadeiras - sairia do pleito ainda mais forte.
Por sua vez, os partidos de oposição, de esquerda e de centro, estão enfraquecidos e disputam entre si. Até as próximas eleições, o parlamento só deve se reunir em sessões extraordinárias.
Temas sociais e segurança
A campanha eleitoral será marcada pelo temas segurança nacional e investimentos na área social. Desta forma, Netanyahu terá pela frente uma agenda política difícil, principalmente após seu anúncio anterior de cortes na ordem de 13 bilhões de shekel (cerca de 2,6 bilhões de euros) realizados nas áreas de defesa, infraestrutura e transportes.
Mas, depois de significativos protestos de seus parceiros políticos – Netanyahu governa por meio de uma coalizão de cinco partidos –, o premiê decidiu retirar parte dos cortes nos setores social e de defesa. No entanto, seu partido aliado, o conservador-religioso Shas, considerava os cortes ainda muito altos, então Netanyahu decidiu convocar eleições antecipadas.
O cientista político da Universidade de Haifa, Israel, Gabriel Weimann, disse que as despesas sociais deverão desempenhar um papel importante durante a campanha eleitoral do atual premiê israelense.
"Netanyahu deverá se concentrar em perguntas sobre segurança, como a construção de uma bomba nuclear iraniana e o terrorismo", frisou o especialista.
Ele afirmou, ainda, que Netanyahu poderá somar pontos com essa agenda de discussões. "Em contrapartida, ele não deve querer que os eleitores se ocupem com os perguntas sobre economia e temas sociais, como a divisão social dentro do próprio país", disse Weimann.
O cientista político espera que esse tema seja abordado, principalmente, pelos partidos de esquerda. "O resultado das eleições vai depender, consideravelmente, de quem conseguir impôr seus temas, e como o eleitor os aceitarão."
Influência das eleições norte-americanas
De acordo com Weimann, há uma ligação estreita entre o pleito israelense e as eleições presidenciais nos Estados Unidos. "Em toda a história de Israel, essa ligação nunca foi tão forte como será neste ano." Isso estaria ligado, naturalmente, à proximidade das duas eleições.
"Mas, independentemente para Netanyahu, a pergunta quem será o próximo presidente dos Estados Unidos tem grande significado. Se Romney ganhar, Netanyahu vai se beneficiar desse fato para a sua própria eleição. Isso porque Romney é considerado definitivamente um apoiador de Israel."
Se Obama for eleito, Netanyahu deve estar preparado para a continuação de uma relação difícil com a administração norte-americana. "Uma vitória de Obama não seria qualquer obstáculo para Netanyahu – mas com certeza também nenhuma vantagem", disse Weimann.
Alfred Wittstock vê também uma relação estreita entre as duas eleições. Se Obama ganhar, seria duplamente importante para Netanyahu ser confirmado também pelos eleitores israelenses. "Se ele for novamente eleito, pode se sentir mais forte para um novo enfrentamento com Obama."
Mas, se ocorrer o contrário e Romney passar a comandar a Casa Branca, Netanyahu deve enfrentar menos resistência contra a sua política externa e, consequentemente, contra os efeitos negativos de sua política em relação ao programa nuclear iraniano. "Então se pode supor que Romney estabeleceria a mesma política seguida por Netanyahu contra o Irã", conclui Wittstock.
FC/dw/lusa/dpa
Revisão: Francis França