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Itamaraty celebra 30 anos de relações com a Ucrânia

11 de fevereiro de 2022

Às vésperas de viagem de Bolsonaro à Rússia, Ministério das Relações Exteriores lembrou laços entre Ucrânia e Brasil. Visita do presidente a Moscou é criticada por ocorrer em meio a conflito entre russos e ucranianos.

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Foto mostra em primeiro plano uma grande bandeira da Ucrânia tremulando. Ao fundo há um monumento.
Brasil reconheceu a independência da Ucrânia em dezembro de 1991Foto: Valentyn Ogirenko/REUTERS

Em meio à crescente tensão entre Kiev e Moscou e às vésperas da controversa viagem do presidente Jair Bolsonaro à Rússia, o Brasil comemorou nesta sexta-feira (11/02) os 30 anos de relações diplomáticas com a Ucrânia.

Para marcar a data, o Ministério das Relações Exteriores divulgou uma nota destacando que "desde que o governo brasileiro reconheceu a independência ucraniana, em dezembro de 1991, Brasil e Ucrânia mantiveram múltiplos contatos de alto nível entre seus mandatários".

O Itamaraty também destacou a "valiosa contribuição da comunidade de ucranianos e seus descendentes" no Brasil há mais de 130 anos. O ministério estima que a população de origem ucraniana no Brasil seja de cerca de 500 mil pessoas. O Itamaraty também lembrou a célebre escritora Clarice Lispector, nascida na Ucrânia.

Ainda segundo a nota do Itamaraty, em 2009, os dois países "estabeleceram parceria estratégica, com importantes desdobramentos nos setores espacial, de defesa e saúde".

"O comércio bilateral, equilibrado nas vendas de lado a lado, praticamente triplicou, em 2021, na comparação com o período inicial das relações diplomáticas, na década de 1990", diz o texto.

A Ucrânia mantém uma embaixada em Brasília desde 1993, e o Brasil abriu em 1995 sua embaixada em Kiev.   

Polêmica viagem

A nota chama atenção por ser publicada às vésperas da viagem de Bolsonaro a Moscou para se reunir com o presidente russo, Vladimir Putin – decisão que vem sendo amplamente criticada.

A viagem está marcada para 14 de fevereiro e será seguida de uma visita à Hungria, onde Bolsonaro deverá se encontrar com o primeiro-ministro, Viktor Orbán.

"Estarei lá [na Rússia] no próximo mês para estreitar os laços e melhorar as relações comerciais", disse o presidente no final de janeiro.

Bolsonaro afirmou que o convite partiu de Putin. "Sabemos dos problemas que alguns países têm com a Rússia. Mas a Rússia é parceiro nosso. Essa é uma viagem que interessa a nós, e a eles também", disse na época.

Questionado por um apoiador se Putin seria conservador e "gente da gente", Bolsonaro respondeu que o presidente russo "é conservador, sim".

Os Estados Unidos pressionaram, sem sucesso, para que a viagem fosse cancelada. Segundo a Casa Branca, o momento da visita pode passar a mensagem de que o Brasil apoia a Rússia na questão da Ucrânia justamente quando países do Ocidente tentam isolar Putin e tentar uma solução diplomática para o conflito.

Ataque a qualquer momento

Nesta sexta-feira, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, alertou que a Rússia está concentrando ainda mais tropas perto da Ucrânia, e uma invasão pode ocorrer a qualquer momento, talvez antes do fim dos Jogos de Inverno de Pequim, que terminam no dia 20 de fevereiro.

Imagens de satélite comerciais publicadas por uma empresa privada dos EUA mostram novos deslocamentos de militares russos para vários locais perto da Ucrânia.

A Rússia já reuniu mais de 100 mil soldados perto de Ucrânia, e esta semana lançou exercícios militares conjuntos na vizinha Belarus e exercícios navais no Mar Negro.

O presidente dos EUA, Joe Biden, pediu aos cidadãos americanos na Ucrânia que deixem o país. Japão e Holanda fizeram o mesmo.

A Rússia também é acusada de estar por trás de uma insurgência de separatistas no leste da Ucrânia, que já matou mais de 13 mil pessoas desde 2014, mesmo ano em que Moscou anexou a Península da Crimeia, que era parte do território ucraniano.

Reforço da Otan

Países da Otan há semanas enviam aos aliados no Leste Europeu tropas, armas e veículos de guerra.

A Marinha dos EUA disse na quinta-feira que enviou quatro contratorpedeiros dos Estados Unidos para águas europeias. A Marinha não associou o destacamento diretamente com a crise da Ucrânia, mas disse que os navios fornecem "flexibilidade adicional'' ao comandante da Sexta Frota dos EUA, cuja área de responsabilidade inclui o Mediterrâneo e que vai operar em apoio aos aliados da Otan.

O Kremlin nega estar planejando uma investida contra a Ucrânia e acusa o Ocidente de criar uma "histeria". No entanto, exige que a Otan prometa que não vai permitir a adesão de Kiev à Aliança Atlântica e que reduza sua presença militar na Europa Oriental. Tanto a Casa Branca quanto a Otan recusaram os pedidos, chamando as exigências de "impossíveis".

le (ots)