Prazo maior a Atenas depende de conclusões da troika
22 de agosto de 2012O presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, declarou, nesta quarta-feira (22/08), ser "totalmente contra" a saída da Grécia da zona do euro, acrescentando que a "prioridade número um do governo grego é a consolidação das finanças públicas", além de "uma estratégia robusta para reduzir seu deficit a médio prazo". As afirmações foram feitas logo após um encontro em Atenas com o primeiro-ministro grego, Antonis Samaras.
Juncker não descartou que a Grécia consiga obter um alargamento dos prazos para atender as condições acordadas com credores internacionais, como reivindica Samaras. O líder conservador pede um "espaço para respirar" para a economia grega. Sua esperança é que os parceiros europeus lhe concedam mais tempo, e que a Grécia só tenha que alcançar a meta de deficit da União Europeia de 3% do PIB em 2016 e não já em 2014, como acordado com a troika, formada pelo Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional.
Crise de credibilidade
Juncker destacou, entretanto, que um relaxamento de prazos dependerá do relatório a ser elaborado pela troika, cujas conclusões devem ser anunciadas em outubro. "Vai depender das conclusões da missão da troika", concluiu Juncker. Em entrevista a uma rede de televisão em Luxemburgo, garantiu que "não haverá decisão alguma sobre a Grécia antes de outubro".
Após a reunião com Samaras, Juncker apelou aos gregos para que não desperdicem "a última chance". "No que diz respeito ao futuro imediato, acredito que a bola está agora na metade grega do campo", explicou. "Quero dizer que sou absolutamente contra a saída da Grécia da zona do euro", voltou a ressaltar, acrescentando que a medida poria em risco toda a união monetária. No entanto, exigiu dos gregos mais esforços para superar o alto endividamento, acrescentando: "O processo de privatização prometido deve ser reiniciado". Juncker salientou, ainda, que o país está sofrendo uma crise de credibilidade.
Em entrevista ao diário popular alemão Bild, Samaras afirmara que a Grécia precisa de mais tempo para fazer cortes de gastos e reformas. "Tudo o que queremos é um pouco de espaço para respirar, para reativar a economia rapidamente e aumentar a renda do Estado", disse o primeiro-ministro ao diário. "Deixe-me ser claro. Não estamos pedindo dinheiro adicional", sublinhou.
Merkel rejeita pedido de tempo
A Alemanha é contrária à concessão de mais tempo a Atenas. A chanceler federal alemã, Angela Merkel, ressaltou nesta quarta-feira que, na zona do euro, "todos os parceiros devem cumprir suas obrigações". "Isto também se aplica à Grécia", acrescentou. "Para ser levada a sério como parceiro internacional, a Europa precisa de credibilidade."
Samaras encontra nesta sexta-feira a líder alemã em Berlim e no sábado visita o presidente francês, François Hollande em Paris. Antes, Angela Merkel e Hollande se encontram em Berlim. De acordo com o porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert, há ainda grande necessidade de ajustes entre as posições francesa e alemã.
MD/dpa/afp
Revisão: Augusto Valente