Mladic vai para Haia
31 de maio de 2011O antigo comandante dos sérvios na Bósnia Ratko Mladic foi extraditado nesta terça-feira (31/05) para o Tribunal Penal Internacional para a Antiga Iugoslávia (TPII), em Haia, na Holanda. A informação foi confirmada pela ministra sérvia da Justiça, Snezana Malovic, minutos após o avião que transportava Mladic para a cidade holandesa ter partido de Belgrado.
Após passar 16 anos foragido da justiça internacional, o ex-militar havia sido preso na quinta-feira passada, acusado de vários crimes durante a Guerra na Bósnia (1992-1995). O tribunal em Haia o acusa principalmente pelo cerco de 44 meses a Sarajevo, que custou a vida de cerca de 10 mil pessoas, e pelo assassinato de 8 mil adolescentes e adultos muçulmanos em julho de 1995 na cidade bósnia de Srebrenica
Um conselho judicial do departamento especial de crimes de guerra do Tribunal de Belgrado havia rejeitado nesta terça-feira o recurso da defesa de Mladic, de 69 anos, contra sua extradição. Os advogados baseavam sua apelação no frágil estado de saúde do ex-general, que sofreu um derrame cerebral e sofre de várias doenças crônicas.
Um funcionário da corte de Haia confirmou à imprensa que assim que o ex-comandante sérvio chegar à cidade será marcada "sem demora" uma data para sua primeira audiência judicial.
A prisão do Mladic, que esteve à frente do exército sérvio entre 1992 e 95, foi felicitada por vários líderes europeus. A chanceler federal alemã, Angela Merkel, disse que a captura de Mladic era "uma boa notícia para toda a Europa", enquanto o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, declarou que a prisão significava "um desenvolvimento muito positivo" para a justiça internacional.
Apoio popular
Entre muitos sérvios, porém, Mladic é considerado um herói. Nesta terça-feira, cerca de 10 mil pessoas fizeram uma manifestação em favor do ex-comandante na cidade bósnia de Banja Luka.
"O general Ratko Mladic é nosso bravo filho que liderou as forças armadas da República Sérvia para defendê-la. Ele não é um criminoso de guerra", acredita Branislav Predojevic, que encabeça uma associação de veteranos sérvios na Bósnia. Vários veteranos de guerra participaram dos protestos.
Os manifestantes balançavam bandeiras sérvias e tocaram hinos nacionalistas. "General, seja forte! A Justiça está do seu lado e os soldados estão com você!", dizia um dos cartazes. "A Europa não vai nos dizer quem é criminoso, quem é herói!", gritava um homem de 48 anos, inválido de guerra.
MS/dpa/afp
Revisão: Roselaine Wandscheer