Kerry e Lavrov discutem em Paris saída para crise da Ucrânia
29 de março de 2014O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, se reúne no domingo (30/03) em Paris com o ministro do Exterior russo, Serguei Lavrov, para discutir uma possível saída diplomática para a crise da Ucrânia. O encontro foi acertado em telefonema entre o presidente dos EUA, Barack Obama, e seu colega russo, Vladimir Putin.
Kerry voltava para Washington da Arábia Saudita na manhã de sábado. Entretanto, na última hora interrompeu seu retorno para seguir rumo à Paris. A porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Jen Psaki, informou que a reunião ocorrerá à noite na capital francesa.
Putin ligou para Obama na noite de sexta-feira e comunicou seu interesse em discutir uma proposta dos Estados Unidos para resolver a situação da Ucrânia. Após a conversa, de cerca de uma hora, Obama deu instruções a Kerry para marcar um encontro com Lavrov o mais rápido possível.
No telefonema, o presidente russo pediu a Obama que apresentasse uma proposta de solução diplomática à crise na Ucrânia. O chefe de Estado norte-americano, que se encontrava numa visita a Riad, na Arábia Saudita, "sugeriu que a Rússia respondesse a proposta por escrito", informou uma fonte da Casa Branca.
"Pontos de vista se aproximam"
Neste sábado, Lavrov admitiu a possível formação de uma "iniciativa conjunta" com o Ocidente. Ele assegurou também que a Rússia "não tem a menor intenção" de invadir a Ucrânia.
Serguei Lavrov disse a uma emissora de televisão estatal russa que "os pontos de vista se aproximam" e assegurou que Moscou não tem "intenção alguma e nem interesse" que as forças armadas do país, que já se encontram estacionadas na Crimeia, atravessem a fronteira com a Ucrânia.
"Meu último encontro com o secretário de Estado norte-americano John Kerry em Haia [Holanda] e os meus contatos com a Alemanha, França e outros países mostram que se esboçou uma iniciativa comum que poderá ser proposta em relação à Ucrânia", afirmou.
Condições russas
Entretanto, Lavrov citou algumas condições russas para um acordo, dizendo que a Ucrânia deve se tornar uma federação, na qual populações de língua russa no leste e sul sejam adequadamente representadas. Além disso, Kiev deve também se comprometer a não aderir à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
A crise ucraniana eclodiu após a recusa do presidente Viktor Yanukovytch em firmar acordos com a União Europeia, optando pela aproximação com a Rússia. Yanukovytch foi deposto em 22 de fevereiro pelo Parlamento ucraniano e as forças armadas russas estacionaram na Crimeia, ocupando instalações militares ucranianas.
Um referendo na Crimeia, cuja maioria da população tem origem russa, foi largamente favorável à anexação da península à Rússia, mas este não foi reconhecido pela Ucrânia e nem pela comunidade internacional.
MD/afp/lusa/dpa/ap