Novas críticas ao Irã
19 de junho de 2009Uma semana após a eleição presidencial no Irã, o líder supremo do país, aiatolá Ali Khamenei, manteve a linha dura contra os oposicionistas no aguardado sermão desta sexta-feira (19/06).
Em discurso na Universidade de Teerã, Khamenei manifestou apoio ao presidente reeleito Mahmud Ahmadinejad, disse que não houve fraude na eleição e exigiu o fim dos protestos oposicionistas, que desde o final de semana passado dominam a capital.
"Se houver derramamento de sangue, os responsáveis pelas manifestações serão chamados à responsabilidade", ameaçou o líder supremo do país. Ele classificou os protestos nas ruas como um erro.
Os manifestantes acusam os líderes iranianos de terem fraudado o resultado da eleição a favor de Ahmadinejad. Novas manifestações planejadas para sábado foram proibidas pelas autoridades iranianas.
Khamenei também se referiu às pressões externas em favor de uma recontagem dos votos ou da anulação da eleição. "Alguns de nossos inimigos em diversas partes do mundo querem questionar essa vitória absoluta e clara", afirmou.
No discurso, Khamenei rebateu as acusações de fraude na eleição presidencial. "Como é possível alterar 11 milhões de votos?" Ele também disse que a mídia ocidental apresenta os candidatos de forma a parecer que um apoia e o outro rejeita o Estado. Khamenei disse que essa representação é falsa e que todos os candidatos apoiam o Estado.
Irã e o Ocidente
Khamenei acusou os países ocidentais de se imiscuírem em assuntos internos iranianos e de apresentar uma falsa imagem dos acontecimentos no país. Os líderes ocidentais deixaram cair sua máscara, declarou o aiatolá, referindo-se em especial ao Reino Unido.
Na Alemanha, a chanceler federal Angela Merkel classificou o discurso de Khamenei como "muito decepcionante". As objeções ao resultado da eleição devem ser levadas em conta nos próximos dias, declarou.
O ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, manifestou "grande respeito" aos manifestantes. Ele avaliou que a "luta dessas pessoas" nos últimos dias trouxe algumas mudanças ao Irã.
O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, voltou a condenar a violência e as restrições à liberdade de imprensa. "É nosso direito empenharmo-nos em favor dos direitos humanos, posicionarmo-nos contra a violência e defender a liberdade de imprensa", disse.
Segundo ele, depende apenas do Irã mostrar ao Ocidente que a repressão e a brutalidade não foram novamente empregadas e que as eleições transcorreram dentro da lei.
AS/dpa/rtr
Revisão: Augusto Valente