Lançamentos para todos os bolsos
10 de setembro de 2003A mudança de conduta da indústria automobilística em relação ao filtro de fuligem em veículos movidos a diesel é uma das grandes marcas do IAA deste ano. Há dois anos, na última edição do IAA, quase todas as montadoras, lideradas pelas alemãs, condenaram a então inovação da Peugeot. Ela aumentaria o consumo e o custo dos automóveis, além de não ser confiável a longo prazo.
Naquele mesmo ano de 2001, o automóvel clube da Alemanha ADAC testou um Peugeot 607 com o filtro e verificou que, mesmo após 80 mil quilômetros, o carro não expelia fuligem, considerada agente estimulante de câncer. À revelia das críticas dos concorrentes, o fabricante francês levou sua iniciativa adiante. Hoje já colocou nas ruas mais de 500 mil carros a diesel com filtros de fuligem, sem cobrar nada mais por isto.
Agora quase todos seguem seus passos. Não sem uma forcinha das autoridades. A diretriz da União Européia Euro-4 que fixou novo limite de partículas emitidas pelos motores (0,025 g/km), que entrará em vigor em 2005, não poderá ser cumprida sem a adoção dos filtros. Ao menos nos automóveis mais potentes. E, em julho, o ministro alemão do Meio Ambiente, Jürgen Trittin, ameaçou estudar a obrigatoriedade do uso do filtro.
Ainda este ano carros da Opel (GM) e da Mercedes devem começar a sair de fábrica com o dito cujo. Audi, BMW e Volkswagen programam o passo para o próximo ano. No entanto, Mercedes e VW já anunciaram que cobrarão pelo extra. Metade dos carros de passeio vendidos pelas duas na Alemanha é movida a diesel.
Tecnologia de Fórmula 1 por 400 mil euros
Nos 60 modelos lançados no Salão de Frankfurt (11 a 21 de setembro), nota-se a crescente aplicação de outros materiais na construção de chassis e carrocerias. A inovação restringe-se, por enquanto, a carros com alta tecnologia, esportivos e caros. Por exemplo, o SLR, filho da parceria entre a Mercedes e a McLaren na Fórmula 1.
O bólido possui nada menos que 626 hp de potência, atingindo 300 km/h em apenas 28 segundos. Para não se desmanchar à velocidade máxima de 334 km/h, o esportivo possui 95% de suas peças básicas feitas de fibra de carbono, o que lhe garante grande solidez. A tecnologia tem seu preço: 400 mil euros (50 vezes mais que o automóvel mais barato do IAA).
Já o novo cupê da Série 6 da BMW tem sua frente de alumínio e a porta do bagageiro em material sintético reforçado com fibra de vidro. A aplicação foi necessária para atender ao extravagante design, inviável para as tradicionais chapas metálicas. Para reduzir o peso do veículo, a montadora bávara fez igualmente as portas laterais com alumínio. "Sem entretanto reduzir sua resistência a colisões", assegura a BMW.
Esperando pelo futuro
Como nas últimas edições do IAA, também não faltam em Frankfurt os últimos protótipos de carros a hidrogênio. Mas seu futuro permanece incerto. A DaimlerChrysler diz que ainda há muito o que fazer e prevê seu lançamento comercial somente em 2010. Não são apenas aspectos tecnológicos que precisam ser aperfeiçoados. Ainda é preciso providenciar também a infra-estrutura de abastecimento do combustível.
Como em toda feira da indústria automobilística, as montadoras revelam modelos em estudo. Muitos deles jamais chegarão às ruas. A Opel mostra um carro mais requintado, além de seu tradicional mercado. A Volkswagen traz o esportivo Concept R e a Audi apresenta o Le Mans quattro, com quase tantos hp quanto o já citado Mercedes SLR McLaren.
Carros para simples mortais
Nem só de sonhos de consumo vive o IAA. Volkswagen e Opel abrem no Salão de Frankfurt mais um capítulo da disputa pelo tradicional mercado de veículos de passeio. A montadora de Wolfsburg mostra a quinta geração do Golf, o carro mais vendido no mundo, enquanto a subsidiária alemã da General Motors lança o novo Astra. Se este mudou de cara, o best-seller da VW, muito pouco. Suas grandes novidades estão na parte mecânica, como suspensão e direção.
Enquanto várias montadoras investem em carros populares cada vez menores, a Mercedes fez crescer o diminuto e econômico Smart, que agora passa a ter a versão For Four, para quatro pessoas. Já a Fiat tenta recuperar mercado com um Panda absolutamente renovado e a minivan Idea, criada sobre a plataforma do Punto.
A Toyota, por sua vez, está lançando o Prius – à venda a partir de dezembro –, um carro híbrido, com motor que funciona tanto a gasolina quanto a eletricidade. E quem sopra as velinhas nesta festa é a Porsche, cujo modelo 911 está completando 40 anos, com uma nova versão de 345 hp.