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Diários nazistas

22 de julho de 2011

Um judeu ortodoxo arrematou por 245 mil dólares os cadernos escritos e ilustrados a mão pelo médico nazista Josef Mengele, conhecido por ter feito experiências em seres humanos durante a Segunda Guerra Mundial.

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Foto de Josef Mengele
Josef MengeleFoto: dpa
Foram leiloados nesta quinta-feira (21/7), nos Estados Unidos, os diários do médico nazista Josef Mengele. As cerca de 3.500 páginas escritas a mão com caneta azul e ilustradas a lápis pelo criminoso da Segunda Guerra Mundial arrematados por um judeu ortodoxo norte-americano por 245 mil dólares. Elas haviam sido avaliadas em 400 mil dólares e houve até quem apostasse que superariam o milhão de dólares.

Os cadernos reúnem dados autobiográficos, poemas e pensamentos políticos e filosóficos registrados por Mengele nas décadas de 1960 e 1970. Os relatos escritos no Paraguai e no Brasil registram também a fuga do médico nazista à Argentina, passando pela Itália. A narração é feita na terceira pessoa.

Historiadores não contestam a veracidade do material, mas, assim como associações de vítimas da Segunda Guerra Mundial, criticam a venda dos 31 diários. O ex-diretor do Centro de Pesquisa sobre Antissemitismo da Universidade Técnica de Berlim, Wolfgang Benz, considerou o leilão "obsceno".
Vendedor e comprados anônimos
Antes do leilão, Benz disse considerar ainda mais "obscenidade" esperar que os diários sejam arrematados por uma organização judaica. Em sua opinião, os cadernos deveriam estar no arquivo nacional alemão, em Berlim.

Um porta-voz da casa de leilões Alexander Autographs, em Connecticut, confirmou a venda, mas não fez referência ao comprador: "É decisão do nosso cliente se expor publicamente ou não", afirmou. O mesmo vale para o vendedor, que preferiu ficar no anonimato.
Segundo o supervisor do leilão, Bill Panagopulos, os manuscritos foram confiscados pela polícia em 2004 na casa de um casal alemão em São Paulo, onde Mengele teria morado. Os diários foram repassados inicialmente ao filho de Mengele, Rolf.

Conhecido como o "Anjo da Morte", Mengele fez experiências com prisioneiros do campo de concentração nazista de Auschwitz. Entre as crueldades cometidas, ele mandou matar gêmeos para pesquisar seus cadáveres.
Depois da Segunda Guerra Mundial, Mengele fugiu primeiro para o sul da Alemanha e depois, foi para a América do Sul. Ele morreu afogado no Brasil em 1979, aos 67 anos.

BR/dpa/afp
Revisão: Roselaine Wandscheer