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No Uruguai, líder da UE tenta finalizar acordo com Mercosul

5 de dezembro de 2024

"A linha de chegada do acordo UE-Mercosul está à vista. Vamos trabalhar, vamos cruzá-la", afirmou presidente da Comissão Europeia, que chegou a Montevidéu para a cúpula do bloco sul-americano.

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Von der Leyen olhando para a frente
Von der Leyen em Montevidéu: chefe do executivo da UE pretende fechar o acordo apesar da dura resistência da FrançaFoto: Eitan Abramovich/AFP

A despeito da resistência da França ao acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia, a chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, sinalizou nesta quinta-feira (05/12) que está na América Latina para tirá-lo do papel.

"A linha de chegada do acordo UE-Mercosul está à vista. Vamos trabalhar, vamos cruzá-la", afirmou von der Leyen em postagem publicada no X. "Temos a chance de criar um mercado de 700 milhões de pessoas – a maior parceria de comércio e investimentos que o mundo já viu."

A alemã está em Montevidéu, no Uruguai, para participar da cúpula do bloco sul-americano, do qual fazem parte a Argentina, o Brasil, o Paraguai, o Uruguai e a Bolívia. A reunião segue até sexta-feira, quando pode ser feito o anúncio da conclusão do tratado, numa coletiva prevista para as 9h30 (horário de Brasília).

Von der Leyen chefia o órgão executivo da UE, que tem autonomia para negociar a política comercial do bloco de 27 países. Isso independe de resistências pontuais de alguns de seus membros – como é o caso da França, além de Polônia, Áustria e Holanda –, já que o acordo, em negociação há mais de 25 anos, não precisa ser aprovado por unanimidade.

França protesta

Horas depois do anúncio de von der Leyen, o gabinete do presidente francês Emmanuel Macron reagiu reiterando suas críticas ao acordo.

"O projeto de acordo entre UE e Mercosul é inaceitável em seu estado atual. O presidente disse isso novamente à presidente da Comissão Europeia", disse o Palácio do Eliseu via X. "Continuaremos a defender incansavelmente nossa soberania agrícola."

Produtores rurais franceses têm se oposto firmemente ao acordo por temerem concorrência desleal com os países do Mercosul. Eles alegam estar sujeitos a exigências sanitárias e ambientais mais rígidas.

A França tenta mobilizar outros países da UE contra o acordo com o Mercosul, mas se vê atualmente tragada por uma crise política interna. Após convocar eleições antecipadas ao Parlamento e perder apoio na Assembleia Nacional, Macron nomeou um primeiro-ministro impopular, o conservador Michel Barnier, que acabou derrubado nesta semana pela maioria dos deputados.

A Alemanha, maior economia da UE, é um dos que pressiona pela aprovação do acordo. O país espera que ele alavanque principalmente os ganhos de suas indústrias automobilística e química.

"Compromissos finais"

Durante a coletiva de imprensa diária da Comissão Europeia, o porta-voz comunitário Olof Gill disse que o comissário europeu de Comércio, Maros Sefcovic, acompanha von der Leyen em sua viagem ao Uruguai com "a intenção de finalizar as últimas negociações políticas para concluir o que seria um acordo de associação inovador e histórico".

Sem dar detalhes, Gill falou em "compromissos finais". Segundo ele, a sequência habitual de negociações passa primeiro pelo nível técnico antes de "escalar ao nível político e, finalmente, ao mais alto nível político". 

"Portanto, o nosso mais alto nível político [von der Leyen] está na região e os compromissos políticos finais serão discutidos a partir de amanhã", disse Gill.

O porta-voz sugeriu que, independente de "acontecimentos políticos nos nossos Estados-membros", a Comissão Europeia tem autonomia para negociar "acordos comerciais ou de associação".

As tratativas entre UE e Mercosul para formalizar o acordo nunca saíram do papel, apesar de o texto original ter sido assinado pelas partes em 2019, duas décadas após o início das negociações.

A discussão voltou a ganhar força em 2023, quando os europeus apresentaram um protocolo adicional para adaptar o texto às novas exigências ambientais da União Europeia, o que reabriu negociações do lado sul-americano por mais incentivos às indústrias nacionais. 

ra/bl (AFP, EFE, Lusa, dpa, Reuters)