Maduro acusa OEA de ser "tribunal de inquisição"
4 de abril de 2017O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, rejeitou a resolução da Organização dos Estados Americanos (OEA) que afirma que no país há "uma grave alteração inconstitucional" e insta Caracas a permitir o regresso da ordem democrática, a independência de poderes e a restauração da autoridade do Parlamento. Maduro acusou a OEA de pretender se converter num "tribunal de inquisição" para perseguir seu país.
"Não tem nada a ver com a Venezuela, um comunicado insosso, não operacional. O que tem efeito na Venezuela é uma grande indignação e uma grande rejeição. Convoco o povo da Venezuela a rejeitar essa política intervencionista", disse Maduro, em pronunciamento de rádio e televisão na noite desta segunda-feira (03/04).
"Fora daqui, OEA. Saia com suas mãos cheias de sangue da Venezuela e da pátria bolivariana, repudiamos e rejeitamos o golpe de Estado na OEA", disse, com a Constituição nas mãos.
Além disso, o presidente rejeitou o que descreveu como um "golpe de Estado" dado contra a Bolívia, depois de Honduras tomar seu lugar na presidência do Conselho Permanente da OEA na segunda-feira.
Para Maduro, o que ocorreu na sede da OEA foi algo "incomum" e "constrangedor", pois, segundo ele, "todas as regras mínimas de jogo" foram quebradas. Ele afirmou que há uma "concepção extremista" nos governos da "direita latino-americana" e se mostrou seguro que há países que estão sendo "pressionados".
Segundo Maduro, a Venezuela é o pilar fundamental de 18 países na região e indicou que deu ordens para fortalecer "todos os aspectos energéticos" em Petrocaribe – aliança petroleira entre países do Caribe e a Venezuela.
O presidente venezuelano fez as declarações depois de constatar que o país teve um primeiro trimestre "muito bom" em todas as áreas da vida nacional e que, apesar do desespero da "direita", o povo venezuelano "está avançando".
Na segunda-feira, 17 países de 21 presentes na sessão da OEA aprovaram uma declaração na qual afirmam que na Venezuela existe uma "grave alteração inconstitucional da ordem democrática" e exigem que o governo de Maduro restaure "a plena autoridade" da Assembleia Nacional, de maioria opositora.
No entanto, o embaixador da Venezuela, Samuel Moncada, que se retirou da sessão, advertiu que qualquer coisa que fora aprovada, não seria tomada em conta por seu governo ao considerar que a reunião era "ilegal". Maduro felicitou Moncada por sua atuação.
PV/efe/lusa