Maduro festeja vitória, Capriles pede recontagem de votos
15 de abril de 2013Nicolás Maduro se tornou neste domingo (14/04) o novo presidente da Venezuela, sucedendo Hugo Chávez, morto mês passado em consequência de um câncer. Maduro foi declarado vencedor numa eleição apertada, cujo resultado não foi reconhecido pela oposição, que pediu uma recontagem.
Maduro obteve 50,66% dos votos, contra 49,07% de seu rival, Henrique Capriles, segundo o resultado oficial apresentado pela presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Tibisay Lucena. "Estes resultados são indiscutíveis, determinados pelo povo", afirmou. De acordo com ela, o comparecimento às urnas foi de 78,71%.
Milhares de simpatizantes de Chávez festejaram nos arredores do Palácio de Miraflores, cantando, dançando e lançando fogos de artifício, mas longe do clima de festa que existia em 7 de outubro, quando Chávez conquistou sua terceira reeleição, com margem de quase 11 pontos percentuais sobre Capriles. Também houve festejos na praça Bolívar, em Caracas, outro tradicional ponto de manifestações dos partidários do governo.
Resultado apertado
A vitória de Maduro foi mais apertada do que o previsto. Em pesquisas eleitorais, ele tinha uma vantagem de 10 a 20 pontos percentuais. Chávez havia indicado Maduro como seu sucessor e herdeiro político antes de iniciar seu último tratamento em Cuba.
O líder da oposição disse ter uma lista de mais de 3 mil irregularidades ocorridas no dia da votação. Essas podem ter influenciado o pleito. Capriles afirmou que o resultado de seu comando de campanha difere do oficial. Pouco após depositar seu voto na urna, reclamou que o governo teria convocado, por meio de mensagens de celular, funcionários públicos e os eleitores para votarem em Maduro.
O vice-presidente venezuelano, Jorge Arreaza, refutou as denúncias de Capriles. "Isso é ultrajante", disse ele na televisão estatal. O chefe da campanha eleitoral de Maduro, Jorge Rodriguez, acusou a oposição de lançar "provocações".
Espera tensa
O Conselho Nacional Eleitoral informou o resultado das urnas depois de uma espera tensa. Maduro festejou sua eleição como uma homenagem a Chávez e "um sinal de transparência".
"Sabemos o que fazer se alguém levanta sua voz insolente contra o povo", disse o presidente eleito no Palácio de Miraflores, onde comemorou sua vitória por cerca de 230 mil votos, longe da diferença de 1,5 milhão de votos que tivera Chávez na eleição presidencial de outubro.
Pouco depois, Capriles foi a público para questionar o processo eleitoral e o presidente eleito. "Senhor Maduro: se antes você era ilegítimo, agora está carregado de mais ilegitimidade", acusou. "Este resultado não reflete a realidade que o povo venezuelano quer para o país", disse, prometendo fazer tudo o que for possível para que seja respeitado o que ele considera "o resultado verdadeiro".
Maduro havia concordado minutos antes com a realização de uma auditoria na votação, como havia pedido um dos reitores do Conselho Nacional Eleitoral, ao mesmo tempo que voltava a alertar sobre supostos planos de desestabilização, dirigidos contra o governo socialista.
Após uma campanha tensa, cheia de acusações de irregularidades de ambos os lados, o dia da votação começou relativamente calmo até Capriles ter afirmado haver um plano para alterar o resultado das eleições. "Alertamos o país e o mundo a intenção de querer mudar a vontade expressa pelo povo!", afirmou, no serviço de mensagens curtas Twitter.
MD/afp/rtr/dpa