Pós-Copenhague
4 de outubro de 2010Cerca de 3 mil participantes são esperados para o início, nesta segunda-feira (04/10), de mais uma semana de negociações das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas. Desta vez o encontro ocorre na cidade industrial chinesa de Tianjin, nas proximidades de Pequim.
É o primeiro encontro do gênero a ser realizado na China, o maior poluidor do planeta, e o último antes da Conferência de Cancún, no México, que se inicia em 29 de novembro.
Um ano depois do fracasso da Conferência de Copenhague, ainda não há sinais de que um novo acordo climático seja alcançado em breve. Antes mesmo do início da reunião de Tanjin, os negociadores chineses trataram de esfriar as expectativas de uma virada nas negociações.
"O encontro de Cancún é apenas uma parte do processo de negociações. Na próxima cúpula, na África do Sul, no final de 2011, devemos chegar a um acordo de cumprimento obrigatório", afirmou o negociador chinês Xie Zhenhua.
China descarta limites vinculativos
A China é o maior consumidor de energia do planeta e o país que mais polui. É, também, uma vítima do aquecimento global, ou seja, um dos países que mais sofrerá as consequências de fenômenos meteorológicos extremos, como fortes inundações e secas prolongadas, preveem especialistas.
Apesar disso, Zhenhua, que é também vice-diretor da poderosa Comissão de Desenvolvimento e Reformas, descarta novas concessões do governo chinês. Segundo ele, a China não vai aceitar limites legalmente vinculativos (de cumprimento obrigatório) de emissão de gases estufa.
"A China continua sendo um país em desenvolvimento. Nosso Produto Interno Bruto é de 3.700 dólares por pessoa ao ano. Ainda há 150 milhões de pessoas vivendo na pobreza. Quer dizer, ainda temos uma enorme tarefa pela frente. Precisamos de desenvolvimento econômico para melhorar as condições de vida das pessoas. Ao mesmo tempo, precisamos proteger o meio ambiente e combater as mudanças climáticas", afirmou.
Concessões chinesas
Até o momento, a China concordou em reduzir entre 40% e 45% suas emissões por yuan gerado pela economia local. Mas, como o PIB chinês não para de crescer, na prática as emissões totais não diminuiriam nos próximos anos – elas até mesmo aumentariam, já que haverá cada vez mais yuans circulando na economia chinesa.
A China também quer ampliar a participação de fontes energéticas renováveis, como hidrelétricas e estações solares e eólicas, bem como energia nuclear, no seu mix energético. Hoje a queima de carvão gera 70% da energia consumida pelo país.
Há cinco anos, a China anunciara que pretende elevar drasticamente sua eficiência energética até o final de 2010. Há dúvidas se isso de fato vai acontecer. Nas últimas semanas, autoridades locais cortaram o fornecimento de energia de fábricas e até mesmo de residências onde havia forte desperdício, um sinal de que o governo não recuou de suas intenções.
Autora: Ruth Kirchner (as)
Revisão: Roselaine Wandscheer