Manifestações em Burkina Faso pedem saída de militares do poder
2 de novembro de 2014Cerca de mil pessoas protestaram neste domingo (02/11) numa praça no centro de Uagadugu, capital de Burkina Faso, para pedir a participação da sociedade civil na transição comandanda pelo Exército. Para os manifestantes, a transição "pertence ao povo" e não pode ser "confiscada" pelos militares.
De acordo com testemunhas, a manifestação na Praça da Nação – o epicentro dos grandes protestos contrários à extensão do mandato do ex-presidente Blaise Compaoré – não reuniu tantas pessoas como era esperado. Para alguns representantes da oposição e da sociedade civil não há necessidade de realizar protestos antes de discutir o processo de transição com o Exército.
De acordo com a agência de notícia AFP, o Exército assumiu o controle da emissora de rádio e TV nacional de Burkina Faso. Soldados da Guarda Presidencial dispararam para o ar no pátio de entrada do edifício, para dispersar os manifestantes antes de assumirem o controle das instalações.
Autoridades das Nações Unidas apoiam o rechaço de EUA e União Africana ao governo militar, mas expressaram um moderado otimismo perante a possibilidade do poder voltar às mãos de um civil. Eles desejam que eleições livres e justas sejam realizadas o mais rápido possível.
"Esperamos uma transição liderada pelos civis em linha com a Constituição", disse Mohammed Chambas, chefe do Departamento da ONU para a África Ocidental.
A Alemanha também condenou a tomada do poder no país pelos militares e pediu que eles o devolvam às autoridades constitucionais. O país europeu aconselhou, ainda, que cidadãos alemães evitem viajar à nação africana. No comunicado, o governo em Berlim pede que todas as partes ajam com prudência e responsabilidade política.
Escolhido pelos militares
Até o momento, o subchefe da Guarda Presidencial de Burkina Faso, tenente-coronel Yacouba Isaac Zida, foi escolhido pelos militares para liderar o processo de transição no país. O chefe do Estado-Maior, general Nabéré Honoré Traoré, que se proclamou presidente num primeiro momento, deu respaldo a Zida. O tenente-coronel foi eleito por unanimidade pela alta hierarquia militar do país.
O número dois na hierarquia da Guarda Presidencial tem mais respaldo de setores da sociedade civil do país do que o general Traoré, que é considerado muito próximo do ex-presidente Blaise Compaoré.
Depois de ficar 27 anos no poder, ao qual chegou depois de ter protagonizado um golpe de Estado, Compaoré apresentou a sua demissão do cargo após três dias de manifestações que pediam a sua saída. Na quinta-feira, os manifestantes invadiram o prédio do Parlamento, onde seria votada uma alteração constitucional que permitiria a Compaoré concorrer a mais um mandato de cinco anos.
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