Viagem de dois dias
1 de fevereiro de 2011No primeiro dia de sua visita a Israel, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, apelou nesta segunda-feira (31/01) para que o país retorne com urgência às negociações de paz com os palestinos. Merkel argumentou que, justamente diante do cenário de crescente insegurança na região, devido aos protestos na Tunísia e no Egito, a interrupção do diálogo não é uma "base aceitável".
Ao lado do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, Merkel pediu que questões importantes para o processo de paz, como a delimitação de fronteiras, sejam priorizadas. A chanceler também criticou duramente os assentamentos israelenses nos territórios ocupados, o que classificou como obstáculo muito sério para o sucesso das negociações.
Netanyahu negou que Israel seja responsável pela interrupção no processo de paz. O primeiro-ministro falou ainda em passos concretos para a retomada das negociações. Neste sábado, o Quarteto do Oriente Médio se reunirá em Munique para retomar as negociações, à margem da Conferência de Segurança de Munique.
No país vizinho
A visita de Merkel a Israel é ofuscada pelos acontecimentos no Egito e pelo temor de que a situação no país espalhe instabilidade pelo Oriente Médio. A líder alemã falou sobre a influência do país africano na região: "Nós sabemos que o Egito exerce um papel muito positivo para Israel, em particular nos esforços para estabelecer a paz, assim como um papel estabilizador."
No primeiro dia do encontro, nesta segunda-feira em Jerusalém, Netanyahu revelou os temores que circundam a região: "A nossa maior preocupação é que numa situação de revoluções rápidas (...) podem emergir, e já emergiram em alguns países, incluindo o Irã, regimes islâmicos repressivos e radicais".
Numa referência ao período que antecedeu o tratado de paz entre Egito e Israel, assinado em 1979, Netanyahu afirmou: "Não queremos voltar aos dias ruins do passado." Diante dos seguidos protestos, Merkel pediu ao presidente egípcio, Husni Mubarak, que dialogue intensivamente com os manifestantes.
Em pauta
Nesta terça-feira, Merkel se encontrou com a líder oposicionista Tzipi Livni. A situação no país vizinho dominou as conversas, já que novas manifestações contra Mubarak haviam sido anunciadas. Depois, a chanceler alemã reuniu-se com o presidente de Israel, Shimon Peres.
Livni alertou que o governo do Irã poderia explorar a instabilidade da região e pediu sanções mais duras contra o programa nuclear de Teerã. Israel teme que o enfraquecimento do Egito poderia deixar o Irã mais influente na região.
O processo de paz entre Palestina e Israel, paralisado há meses, também esteve na pauta. Merkel pediu que Israel retome as negociações o quanto antes. Livni, que foi ministra do Exterior e encabeçou em 2007-2008 as negociações para pôr fim ao conflito na região, disse que o acordo de paz é de interesse nacional, e não um favor a palestinos ou europeus.
NP/dpa/afp
Revisão: Alexandre Schossler