Merkel na China
27 de agosto de 2007Do ponto de vista da assinatura de acordos econômicos, desta vez a visita da chanceler federal alemã Angela Merkel à China teve um resultado bem mais modesto.
A única transação assinada entre Merkel e o premiê chinês Wen Jiabao nesta segunda-feira (27/08) em Pequim foi um acordo para a fabricação de eixos de manivelas pela ThyssenKrupp nas proximidades de Nanquim. O negócio envolve um montante de 150 milhões de euros. Além disso, o vice-ministro da Economia, Bernd Pfaffenbach, assinou um acordo governamental para cooperações ecológicas.
Na primeira visita da chefe de governo da Alemanha à China em maio de 2006, haviam sido assinados diversos acordos empresariais de altíssimo nível. Mesmo assim, representantes do setor econômico alemão mostraram-se satisfeitos. "O número relativamente pequeno de acordos assinados apenas é um indício de que neste momento da visita outras transações não estão prontas para serem assinadas", disse o presidente da junta diretiva do Grupo BASF, Jürgen Hambrecht.
O presidente da Confederação da Indústria Alemã (BDI), Jürgen Thumann, lembrou que as relações econômicas "continuam dinâmicas" e que, em todo o ano de 2006, as exportações alemãs para a China cresceram 30%.
Mas também as exportações chinesas para a Alemanha cresceram 20% no ano passado, fazendo com que o saldo da balança comercial entre os dois países seja de 21 bilhões de euros a favor de Pequim.
Os representantes do setor econômico na comitiva de Merkel em Pequim destacaram que as condições para investimentos na China melhoraram sensivelmente nos últimos anos. No entanto, embora as leis já tenham atingido níveis ocidentais, o problema continua sendo sua implementação, observou Hambrecht.
Novo tema: hackers
Um tema novo nas conversas de Merkel com as lideranças chinesas foi o combate aos hackers. A premiê alemã exigiu o "cumprimento de regras comuns e o respeito mútuo" também no tocante à propriedade intelectual. Wen anunciou agir com força e determinação contra ataques de ciberpiratas contra computadores do governo alemão.
No final de semana, Berlim anunciou que conseguira identificar e barrar ataques de espionagem contra computadores da Chancelaria Federal e aos ministérios da Economia, da Pesquisa e de Relações Exteriores.
Clima: diferentes caminhos
Poucos avanços também no setor ambiental. O objetivo inicial de Merkel era convencer Pequim sobre as metas ambientais das Nações Unidas, aproveitando para oferecer a tecnologia alemã.
Wen Jiabao, no entanto, defende seguir um caminho diferente. Ele salientou que "os chineses, como todo mundo, também ambicionam um céu azul, montanhas verdes e água limpa", mas que a tarefa que a China tem a cumprir é mais complicada que a da Alemanha, defendendo o moto "juntos, mas com responsabilidades distintas".
O primeiro-ministro chinês responsabilizou ainda as nações industrializadas pelas mudanças climáticas e pelo aquecimento global. "A China registrou um crescimento rápido apenas nos últimos 30 anos. As nações industrializadas, no entanto, já há 100 ou até 200 anos", ressaltou.
Para Wen Jiabao, um dos problemas principais de seu país é a previsão de crescimento da população para cerca de 1,5 bilhão de pessoas até 2030. Mesmo assim, o premiê chinês prometeu agir com determinação na luta contra as mudanças climáticas. "Já constituímos um grupo de trabalho e eu mesmo assumirei a presidência", informou. (sams/rw)