Crise na Bélgica
24 de janeiro de 2011Mais de 30 mil pessoas saíram às ruas de Bruxelas neste domingo (23/01) para cobrar das autoridades uma solução que resolva a crise política de maior duração da história da Bélgica. Após sete meses desde a eleição parlamentar, o país continua sem um governo central. O impasse político pode continuar se as lideranças que representam flamengos e valões não chegarem a um acordo para a formação de um governo definitivo.
Em protesto ao impasse que ameaça o futuro belga e deixa o país à mercê dos mercados financeiros, um grupo de cinco estudantes conseguiu mobilizar milhares de pessoas a partir de um apelo na internet. "Nós queremos um governo! Um diálogo honesto e aberto entre flamengos e francófonos o mais rápido possível", dizia a mensagem publicada em um site.
O apelo ganhou o apoio popular e terminou em uma grande marcha pelas ruas que superou as expectativas dos próprios estudantes. Para eles, o importante era protestar de maneira não partidária e pedir a formação de um governo independente da disputa política entre as duas regiões do país.
Para preservar o posicionamento neutro da marcha, que foi classificada como "nem unitária nem separatista", os participantes foram orientados a não exibirem bandeiras da Bélgica. Apesar disso, muitas pessoas não seguiram a recomendação e exibiam slogans que condenavam o movimento pela divisão do país entre flamengos e valões.
Divergências políticas também provocaram crise econômica
Desde a eleição parlamentar ocorrida em junho de 2010, a Bélgica está sob uma administração provisória. Líderes políticos da Valônia, que representam a maioria francófona do país, e líderes flamengos, que representam a parte que fala o idioma holandês, travam uma disputa pela hegemonia política na Bélgica.
Além do poder político, flamengos e valões também travam uma disputa econômica em torno da arrecadação de impostos. A partir dos anos 1960, a economia flamenga, que antes representava a parte pobre do país, foi fortalecida pelo boom da indústria química e hoje transfere boa parte de seus tributos para a região da Valônia, que enfrenta altos índices de desemprego.
Nos últimos dois meses, o mercado financeiro também se voltou para a crise política na Bélgica e passou a aumentar os juros dos empréstimos ao país. Para os economistas, a falta de um governo estabelecido impede que a Bélgica faça as reformas necessárias para resolver o problema das altas dívidas e deixa os investidores temerosos sobre um provável socorro financeiro futuro.
A dívida pública da Bélgica equiparou-se em 2009 ao rendimento anual da economia do país e ficou entre as três mais altas da zona do euro, atrás somente da Itália e da Grécia.
DF/dpa/rtr
Revisão: Carlos Albuquerque