Crise partidária
3 de abril de 2011O ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, renunciou ao cargo de presidente do Partido Liberal alemão (FDP), que ocupara durante dez anos. Ele vinha sendo alvo de pesadas críticas, as quais culminaram nas recentes derrotas eleitorais do partido, em diversos estados federados.
O afastamento do segundo homem do governo alemão da liderança dos liberais – integrantes da coalizão de governo, junto aos democrata-cristãos – já era tido como certo, não só pelos veículos da imprensa alemã, como também pelos próprios correligionários de Westerwelle.
O político anunciou neste domingo (03/04) que não concorrerá à presidência partidária na convenção nacional do FDP agendada para maio, em Rostock. Ele declarou que pretende se concentrar em seus postos como ministro e vice-chanceler federal.
Afastamento anunciado
Até certo ponto, Westerwelle se antecipou às expectativas, pois diversos liberais esperavam que a decisão sobre a mudança na liderança do partido só fosse oficializada durante a reunião do diretório nacional do FDP, nesta segunda-feira.
Um membro da direção do partido, que não quis ser identificado, já garantira que os dias do político como presidente do FDP estavam contados: "Westerwelle irá colocar seu cargo à disposição na próxima reunião do diretório, nesta segunda-feira", declarara à revista Focus.
As críticas de membros do PDF a seu líder se acumulavam. "Sou da opinião que Guido Westerwelle não deve se candidatar novamente a presidente do partido", afirmara o líder estadual do FDP em Berlim, Christoph Meyer, em entrevista ao jornal Der Tagesspiegel.
Outras representações estaduais tampouco escondiam a insatisfação com o presidente do partido. Segundo a revista Focus, integrantes do diretório estadual de Hesse preparavam uma proposta contra Westerwelle, a ser apresentada na convenção nacional do partido em maio.
A ministra da Justiça, Sabine Leutheusser-Schnarrenberger, e a líder da bancada do FDP no parlamento, Birgit Homburger, também já haviam demonstrado intenção de não apoiar o chefe da diplomacia alemã na liderança partidária.
Derrotas foram golpe de misericórdia
O próprio Westerwelle vinha deixando seu futuro político em aberto. "Eu certamente não comentarei política partidária alemã durante uma viagem ao Japão", desconversou neste fim de semana o ministro do Exterior durante uma viagem pela Ásia.
O favorito à sucessão de Westerwelle à frente dos liberais é o ministro da Saúde, Philipp Rösler. De acordo com o jornal Die Welt, ele pretende concorrer à presidência do FDP e conta com o apoio do secretário-geral do FDP, Christian Lindner, e dos diretórios regionais dos estados da Baixa Saxônia e da Renânia do Norte-Vestfália.
A popularidade de Westerwelle dentro do partido estava em queda há meses, e a insatisfação aumentou após o fiasco dos liberais nas eleições dos estados de Saxônia-Anhalt, Renânia-Palatinado e, sobretudo, Baden-Württemberg.
MD/AV/rtr/dpa/ap/afp
Revisão: Alexandre Schossler