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Grécia sugere troca de títulos em vez de corte da dívida

3 de fevereiro de 2015

Além da emissão de novos papéis, Varoufakis fala em manter um superávit primário entre 1% e 1,5% e em combater a evasão fiscal dos mais ricos. Proposta evitaria o simples corte da dívida, que é polêmico dentro da UE.

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Foto: Getty Images/AFP/A. Messinis

O ministro das Finanças da Grécia, Yanis Varoufakis, sugeriu que seu governo pode abrir mão da exigência de um corte na dívida de 315 bilhões de euros em troca de uma série de medidas de conversão desse débito (debt swap, no jargão econômico).

Em entrevista ao jornal britânico Financial Times, publicada nesta terça-feira (03/02), Varoufakis disse ainda que seu país está disposto a alcançar um superávit primário entre 1% e 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB), mesmo que, para isso, tenha que abrir mão de algumas promessas de campanha.

O ministro afirmou que o governo estuda maneiras de elevar a arrecadação fiscal, mencionando a necessidade de combater a evasão fiscal e taxar os gregos mais ricos, que, segundo ele, ainda não fizeram a sua parte para ajudar o país a sair da crise.

"Vou dizer aos nossos parceiros que vamos elaborar uma combinação de superávit primário e agenda de reformas", disse Varoufakis "Ajudem-nos a reformar o país e nos deem um pouco de espaço fiscal para fazê-lo. Do contrário, vamos nos sufocar e nos tornar uma Grécia deformada em vez de reformada."

Dentro da proposta de swap da dívida, o ministro sugeriu a emissão de dois novos títulos. Um deles seria indexado ao crescimento nominal da economia grega e seria usado para refinanciar os empréstimos da União Europeia (UE). O outro seria uma espécie de título perpétuo, sem data de resgate, que substituiria os títulos gregos hoje em poder do Banco Central Europeu.

A intenção é evitar o simples corte da dívida, uma medida extremamente impopular entre os demais países-membros da União Europeia. A Alemanha, por exemplo, opõe-se com veemência ao corte. A Irlanda, que depois da crise financeira teve que passar por um duro programa de austeridade, não vê com bons olhos que Atenas receba tratamento diferente.

O novo discurso contrasta com as posições anteriores do governo do primeiro-ministro Alexis Tsipras, que defendeu o corte da dívida grega e o fim da austeridade. Apesar da reestruturação da dívida, ocorrida em 2012 com o apoio da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI), a Grécia ainda tem débito de 315 bilhões de euros, equivalente a 175% do seu PIB.

AS/afp/rtr/dpa