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Minorias do Iraque diante de um novo desafio

Peter Philipp (sm)6 de abril de 2005

O parlamento iraquiano elegeu presidente o líder curdo Jalal Talabani. Mais de dois meses após a eleição parlamentar, o gabinete de governo em Bagdá começa a ser composto. Peter Philipp comenta.

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A solução seria que as minorias se misturassem dentro dos partidos

Após a eleição de Jalal Talabani como novo chefe de Estado iraquiano, o processo de formação de governo pode começar – um processo que culminará com a criação de uma Constituição e as eleições parlamentares a serem realizadas em dezembro.

Isso só foi possível por causa do acordo entre os xiitas da Aliança Iraquiana Unida e o bloco eleitoral dos grupos curdos. Juntos, ambos dispõem de mais de dois terços das 275 cadeiras no Parlamento, cumprindo assim a condição básica para eleger o presidente e seus dois vices, que por sua vez são os que definem quem será o primeiro-ministro.

Excluídos agora no poder

Na última década, xiitas e curdos foram os "underdogs" no Iraque – perseguidos, humilhados e excluídos do poder pelo regime de Saddam Hussein. Portanto, é de se admirar que os dois lados não tenham chegado logo a um acordo de coalizão.

A aliança xiita conquistou 47% dos votos nas eleições, sendo que os curdos tiveram uma votação de 25%. Estes suspeitavam que seriam "usados" apenas para eleger o presidente e depois excluídos do processo de formação de governo, pois no parlamento basta a maioria simples.

Exigências curdas

Mas os curdos tinham uma série de exigências das quais não queriam abrir mão. Eles pretendiam impedir que o país se transformasse numa república islâmica fundamentalista sob o chefe de governo Ibrahim Jaafari. Além disso, exigiam o controle sobre a cidade de Kirkuk, um centro da economia petrolífera, além de insistirem em manter sua milícia "peshmerga" e sua atual autonomia. Em Bagdá, os curdos pleiteavam a presidência e o posto de ministro das Energias.

Aprendizado da democracia

Os curdos conseguiram o Ministério que queriam. No entanto, a presidência é um mero cargo representativo, de forma que eles vão ter que continuar tentando assegurar mais poder em Bagdá. Ao mesmo tempo, a minoria curda – assim como a sunita – terá que se conformar com uma influência política mais reduzida que a maioria. Iniciativas de alterar isso constitucionalmente estão, a princípio, fora de discussão. Uma tentativa semelhante, ou seja, a de conferir à minoria turca direito a veto em Chipre, fracassou em 1961.

A única solução para esta situação seria que os iraquianos finalmente percebessem que a diversidade religiosa e étnica nunca foi levada em conta na história de seu país. Agora, deveriam se formar rapidamente partidos políticos que incluíssem todos os grupos, de modo a tornar supérfluo o sistema eleitoral de representação proporcional, com suas desvantagens e os temores ou suspeitas que ele gera.