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Mouse on Mars: música eletrônica e mais

Valeria Risi (sv)22 de outubro de 2005

Considerado “o verdadeiro herdeiro do legado do Kraftwerk”, o duo Mouse on Mars mixa sons acústicos e eletrônicos “novos” e “antigos”, criando uma miscelânea sonora singular, ouvida nos quatro cantos do mundo.

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Jan St.Werner e Andi Thoma, que integram o duo Mouse on MarsFoto: AP

“Em 1993, Jan St.Werner e Andi Thoma acreditavam que a cena tecno na Alemanha ainda estava muito fraca. Foi quando os músicos de Colônia e Düsseldorf, que haviam se conhecido num show de death metal e tinham em comum a admiração por bandas como Can, Neu! e Kraftwerk, resolveram fundar o duo Mouse on Mars.

Os dois decidiram enviar uma amostra do som que produziam à banda Seefeld, na Inglaterra, que, além de ser formada por amigos dos dois alemães, seguiam a mesma linha musical. Foi assim que sugiu o contato com o selo Too Pure, pelo qual o Mouse on Mars viria a lançar seu primeiro single – Frosch.

Apenas um ano depois chegaria ao mercado o primeiro CD – Vulvaland –, já levando a assinatura Mouse on Mars. A crítica recebeu o trabalho com entusiasmo, destacando o grau de elaboração do som. Pelo número de CDs vendidos, pode-se dizer que o público também aprovou.

Combinações inusitadas

Misturando gêneros musicais que vão do eletrônico e drum & bass, passando pelo post rock, dub e ska até chegar ao trance, cada novo CD do Mouse on Mars se aventura num universo sonoro diverso, produzindo ritmos jamais escutados. E sem dúvida o som inconfundível e único do duo pode ser reconhecido em cada faixa.

Nestes 12 anos na estrada, o duo lançou sete CDs. Em Idiology, de 2001, ele busca um som mais compacto, agressivo, abrindo espaço para a voz, violino, violoncelo, clarinete e piano. Tudo sobre uma base eletrônica. Em princípio, nada de novo, porém os resultados mostram uma combinação sui generis e surpreendente. A faixa Actionist Respoke, por exemplo, brinca ao aliar os beats típicos do Mouse on Mars a trechos cantados, produzindo um resultado que chega a lembrar o rock'n’roll.

Entre acústicos e eletrônicos

Em julho de 2001, o Mouse on Mars fez uma turnê mundial, quando o baixo, a percussão e o notebook (acoplado do programa Reaktor) e, acima de tudo, a parafernália eletrônica ajudaram a compor uma síntese excepcional entre sons acústicos e eletrônicos.

Jan St.Werner e Andy Thoma estão acostumados a compor trabalhando num estúdio que dispõe de infinitas possibilidades técnicas. Às vezes eles partem de um instrumento acústico, às vezes de um sampler. E em muitas ocasiões dividem as tarefas: um trabalha as vozes, enquanto o outro se dedica aos arranjos. E assim cada faixa se desenvolve de forma completamente imprevista.

Quebra-cabeça musical

“Nossa maneira de trabalhar exige muito cuidado, porque nunca sabemos que som teremos nas mãos e como eles vão se transformar. Esse grau de atenção é o que nos interessa. Há tantas possibilidades de gerar sons e, no fim, sempre fica claro que foi você quem criou aquilo. Não é necessário se preocupar em deixar rastros”, dizem eles.

O princípio é trabalhar com fragmentos, então reunir todas as peças e experimentar as diversas combinações. O Mouse on Mars procura incluir o maior número de elementos em cada faixa, sem perder a leveza, ou seja, “abrindo momentos mais arejados”, explica Jan St. Werner.

A música eletrônica quase nunca foi tão multidimensional e variada como nas produções do Mouse on Mars. Pode ser que o segredo do sucesso do duo esteja exatamente no interesse e na capacidade de combinar sons “velhos” e “novos”, digitais ou não.

Segundo informa o site da banda, acaba de sair do forno o álbum live04, o primeiro gravado ao vivo. Com direito a encarte de 20 páginas e uma edição limitada em vinil. No CD estão incluídas faixas antológicas de trabalhos anteriores como frosch, wts, disdusk e actionist respoke, entre outras.